Geopolítica Conturbada: Impacto na TI, Inovação e Cibersegurança

Geopolítica Conturbada: Impacto na TI, Inovação e Cibersegurança

O panorama geopolítico do mundo é volátil e tem vários focos de conflitos pelo planeta. Da América do Sul, com a situação crítica na Venezuela e a questão territorial entre Venezuela e Guiana; à Europa, afetada pela guerra na Ucrânia, a guerra em Israel e; à Ásia, com o crescimento da China como força global, as disputas geopolíticas influenciam o mundo que habitamos.

Diante disso, fica evidente alguns desfechos que afetam o âmbito de todos que lidam com tecnologias, inclusive a conexão intrincada entre a competição armamentista e a inovação tecnológica. Nesse contexto de aumento da militarização, há uma aceleração e uma clara relação entre o aumento da competição armamentista e o investimento em inovações tecnológicas, incluindo plataformas de cibersegurança. Os países procuram criar armas cada vez mais avançadas, o que estimula o progresso de áreas como inteligência artificial, robótica, biotecnologia e ciência dos materiais.

Essa competição armamentista e tecnológica pode ter diversos efeitos na geopolítica, como o crescimento da polarização entre os países com o domínio de tecnologias militares e estratégicas avançadas, o que possibilita a formação de novos blocos estratégicos econômicos e geopolíticos, como podemos observar o caso da evolução do BRICS. Também, podemos mencionar a instabilidade global e o perigos de escaladas de conflitos, a difusão destes novos armamentos, e, ainda, vale ressaltar, primordialmente, o aumento da atividade dos principais agentes de crimes cibernéticos, como o grupo Hacker Nobelium e vários outros, alguns dos quais são apoiados por nações e tem como alvo o furto de informações estratégicas e impactos as infraestruturas básicas utilizando o meio digital como uma superfície estratégica de ataque, sendo um novo meio de obterem as informações e evoluírem com estratégias avançadas.

Um exemplo de ataque hacker com características de ataques de estado é o que ocorreu em 2015, quando hackers invadiram os sistemas da empresa francesa de energia nuclear Areva e roubaram dados sensíveis sobre as usinas nucleares e os contratos internacionais da empresa. O ataque foi atribuído a um grupo ligado à China, que teria interesse em obter informações estratégicas para o desenvolvimento de seu programa nuclear.

Outro caso é o que aconteceu em 2017, quando hackers russos atacaram as redes de computadores do Ministério da Defesa da Alemanha e de outras instituições governamentais, como o Ministério de Relações Exteriores e o Parlamento. Os hackers conseguiram acessar documentos confidenciais sobre as operações militares e diplomáticas da Alemanha, bem como sobre as relações com aliados da OTAN e outros países. O ataque foi considerado uma tentativa de influenciar a política externa e a segurança nacional da Alemanha.

Um terceiro exemplo é o que ocorreu em 2020, quando hackers iranianos atacaram as redes de computadores da empresa israelense de defesa Elbit Systems e roubaram dados sobre os sistemas de armas e de vigilância que a empresa desenvolve e fornece para as Forças de Defesa de Israel e outros países. O ataque foi visto como uma forma de obter vantagem militar e de espionar as atividades de Israel e de seus parceiros na região.

Frente a estes cenários e das crescentes ameaças cibernéticas, os países estão buscando ações para defenderem suas infraestruturas críticas, como redes de energia, sistemas de comunicação e instituições financeiras. Isto tem aumentado - ou deveria aumentar- o investimento em cibersegurança, cooperação internacional e desenvolvimento de novas tecnologias de proteção, em que, a cada dia que passa, surge uma nova sopa de letrinhas para o mundo de cibersegurança como uma nova tecnologia a ser adquirida para proteção de dados, bordas, pessoas e qualquer outro meio que tenha conexão entre o mundo físico e o mundo digital.

E, a relevância deste cenário para os países pode ser notada desde 2012, quando o então Secretário de Defesa e Chefe de gabinete da Casa Branca, disse:  

“The potential for next Pearl Harbor could very well be a cyber-attack” - Leon Panetta

alertando já naquela época que um ataque de larga escala poderia causar danos devastadores à economia e à segurança nacional dos Estados Unidos, comparáveis aos do ataque japonês a Pearl Harbor em 1941, que levou os Estados Unidos a entrar na Segunda Guerra Mundial.

Reparem que os temores, somados com a crescente rivalidade geopolítica, faz com que países busquem diminuir sua dependência de mercados externos no desenvolvimento de tecnologia. Isso significa maiores investimentos em pesquisa e desenvolvimento, na criação de empresas nacionais de tecnologia e na formação de mão de obra qualificada, o que ainda é, um dos maiores problemas globais no que tange tecnologia. Este caminho visa aumentar a segurança nacional, estimular a tecnologia e possuir uma soberania tecnológica.

Alguns exemplos de países que buscam diminuírem sua dependência de mercados externos no desenvolvimento de tecnologia são a China e a Rússia. A China tem investido pesadamente em pesquisa e desenvolvimento, na criação de empresas nacionais de tecnologia e na formação de mão de obra qualificada, visando aumentar sua autonomia e sua influência global. A China também tem buscado reduzir sua dependência de fornecedores estrangeiros de chips, software e equipamentos de telecomunicações, que são considerados vitais para sua segurança nacional e seu desenvolvimento econômico. A Rússia também tem buscado fortalecer sua indústria de tecnologia nacional, especialmente nas áreas de cibersegurança, inteligência artificial e defesa. A Rússia tem procurado desenvolver seus próprios sistemas operacionais, aplicativos e redes sociais, bem como proteger suas infraestruturas críticas de possíveis ataques cibernéticos de adversários externos. Ambos os países têm enfrentado sanções e restrições de acesso a tecnologias ocidentais, o que os motivou a buscar alternativas nacionais mais seguras e confiáveis.

Assim, é muito importante que os clientes, sejam empresas ou pessoas físicas, do Brasil, apoiem o avanço da tecnologia nacional, dando preferência dando preferência as plataformas e fornecedores do nosso país e dando uma chance a essas fornecedoras nacionais de tecnologias e de serviços, para que eles possam demonstrar suas capacidades e qualidades. Um exemplo deste tipo de empresa é o SafeLabs - Softwares para Cibersegurança, um fornecedor nacional de tecnologia que se dedica a desenvolver soluções e plataformas próprias de cibersegurança de alta complexidade e qualidade, com inteligência nacional e código original, sem depender de fontes abertas ou outras tecnologias como base de desenvolvimento, gerando um produto idealizado e produzido no Brasil e com foco no Brasil. Conheci pessoalmente a empresa, Safelabs, em uma visita de dois dias a convite do Leonardo Camata, Diretor de Inovação. Lá, a equipe da Safelabs me mostrou como é o processo de criação, os produtos que já entregaram, além do plano da empresa para criação de novos produtos. Esse é o tipo de empresa de inovação que precisamos no Brasil para o setor de cibersegurança, esse tipo de empresa pode também trazer mais segurança para os clientes. Em especial no longo prazo, pois não ocorrem os riscos de oscilações cambiais, mercados externos, sanções e/ou limites de importações. Além de ser uma empresa que está preparada para os perigoso do “mercado nacional”, as ameaças específicas brasileiras, como, por exemplo, as fraudes de boleto DDA e PIX.

Pela menção das principais lideranças Allan Costa , Leonardo Camata e Odair Gonçalves, um parabéns especial a equipe do Safelabs e que todos se sintam representados e de minha parte, estarei aqui, pronto para trocarmos ideias sobre o tema.

Já pararam para pensar que quanto mais investirmos em nossas empresas, mais capacitados estaremos para lidar com as nossas ameaças?

Excelente explanação Dirceu! Importante o investimento em tecnologias nacionais que possam evoluir nosso nível em cibersegurança com menor dependência de tecnologias estrangeiras e o SafeLabs - Softwares para Cibersegurança é um dos mais brilhantes exemplos de sucesso no Brasil.

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Francisco A.

Analista de Segurança da Informação

1mo

Obrigado por publicar em português e valorizar nosso idioma! 🫡🇧🇷

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Muito inteligente a análise, e nos leva a refletir sobre a questão da segurança, e como Igor Marques Gama comentou, soberania no que tange segurança, em um mundo com tantas instabilidades..

Igor Marques Gama

Especialista em Segurança Cibernética na ISH Tecnologia | Incident Response, Network Security

1mo

Há decadas falavamos de soberania nacional em sistema de segurança (na época, falavamos de caças, armas, suprimentos e afins), hoje a soberania em Cibersegurança é a bola da vez! Analise muito boa! Abre o caminho para uma série de outros debates.

Luciana Vaz da Silva

CHRO - Diretora de Gente e Gestão na ISH Tecnologia

1mo

Muito bem contextualizado Dirceu! 👏👏👏

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