As fotografias de grupo… e as ausências!

No dia 23 de Dezembro de 1901, a Tuna Académica de Coimbra foi a Lisboa, actuar no Theatro Dona Amélia, num sarau oferecido à «Associação dos Jornalistas de Lisboa». No Diário de Notícias, um longo artigo sobre a TAUC refere o seguinte: «Compõe-se actualmente a Tuna de 11 violinos, 1 violeta, 1 violoncelo, 1 bandurra, 2 contrabaixos, 2 flautas, 1 clarinete, 10 bandolins, 13 violões e pandeiretas. Tem como agregado um grupo dramático composto de 6 membros.» (Fonte: “Diário de Notícias”, nº 12.951, 38º ano, sábado, 21 de Dezembro de 1901.)

Composição da Tuna em Dezembro de 1901:
2 flautas,
1 clarinete,
11 violinos,
1 violeta,
10 bandolins,
1 bandurra,
13 violões
1 violoncelo,
2 contrabaixos,
e pandeiretas.

ou seja, 42 elementos. Somando o maestro, mais 2 a 4 pandeiretas, mais 6 elementos do dramático, seguramente terão ido a Lisboa mais de 50 elementos da Tuna Académica de Coimbra. A gravura que é apresentada no programa foi feita a partir da fotografia de grupo, muito provavelmente, do ano lectivo anterior (1900/1901).

Fotografia de grupo da TAC – ano lectivo 1900/1901. Ver a fotografia com identificações.

Nessa fotografia podemos ver efectivamente: 2 flautas, 1 clarinete, 1 bandurra (algo extraordinário), 1 violoncelo, 2 contrabaixos, 7 violinos, 6 violões, 3 bandolins, 4 pandeiretas e ainda outros elementos, num total de 34 indivíduos. Nota-se a ausência do maestro e uma diferença considerável no n.º de bandolinistas e tocadores de violão. Se essa fotografia tivesse sido feita em Outubro ou Novembro de 1901, seria de estranhar tantos ausentes? Creio que não.  Mas essa fotografia, muito mais provavelmente, foi feita em Abril/Maio de 1901 e, nesse caso, em Dezembro de 1901 a fotografia teria aproximadamente 8 meses. Sendo anterior ao arranque do ano lectivo de 1901/1902, podemos admitir que vários elementos teriam entretanto concluído o curso e deixado Coimbra, etc, mas com elevada probabilidade, também neste caso, a explicação mais simples é a melhor: o que se passa, ontem como hoje, é que nas fotografias de grupo há sempre ausentes.

O argumento do «instantâneo para a posteridade» continua a não convencer toda a gente a “largar tudo” e a comparecer no dia da fotografia da praxe e até há maestros que nunca lá aparecem! 🙂 Argumentam que a malta deve é, isso sim, aparecer nos ensaios… Certo! mas como disse – há muitas décadas – o nosso Tuno ad aeternum: «Ensaios gerais com todos os elementos da Tuna talvez só mesmo uns raros espectáculos.»

Programa do espectáculo realizado no dia 23 de Dezembro de 1901, em Lisboa ,no Theatro D. Amélia. Fonte: MAC.

Como podemos constatar, nesta data, a Tuna prepara um sarau com um programa variado, no qual inclui a representação d’ «O Auto da Sebenta» – peça criada em 1898/99  para o Centenário da Sebenta pelo estudante e conhecido poeta Affonso Lopes Vieira.

A. Caetano, 15 de Outubro de 2021

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