Revista Virtual de Artes, com ênfase na pintura do século XIX

Madona da tristeza

JenniferGordon

Quando te escuro e te olho reverente 
e sinto a tua graça triste e bela 
de ave medrosa, tímida, singela, 
fico a cismar enternecidamente.

Tua voz, teu olhar, teu ar dolente 
toda a delicadeza ideal revela 
e de sonhos e lágrimas estrela 
o meu ser comovido e penitente.

Com que mágoa te adoro e te contemplo, 
à da Piedade soberano exemplo, 
flor divina e secreta da Beleza !

Os meus soluços enchem os espaços, 
quando te aperto nos estreitos braços, 
solitária madona da Tristeza !

João da Cruz e Souza (Nossa Senhora do Desterro (atual Florianópolis), 24 de novembro de 1861 – Estação do Sítio, 19 de março de 1898)

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