Madona da tristeza
Quando te escuro e te olho reverente
e sinto a tua graça triste e bela
de ave medrosa, tímida, singela,
fico a cismar enternecidamente.
Tua voz, teu olhar, teu ar dolente
toda a delicadeza ideal revela
e de sonhos e lágrimas estrela
o meu ser comovido e penitente.
Com que mágoa te adoro e te contemplo,
à da Piedade soberano exemplo,
flor divina e secreta da Beleza !
Os meus soluços enchem os espaços,
quando te aperto nos estreitos braços,
solitária madona da Tristeza !
João da Cruz e Souza (Nossa Senhora do Desterro (atual Florianópolis), 24 de novembro de 1861 – Estação do Sítio, 19 de março de 1898)
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