SAUDADES DOS BONDES DA CARRIS DE PORTO ALEGRE


Coluna do Arisi

Como era bom namorar nos Bondes da Carris, na Porto Alegre dos anos 1950 e 1960, até quando eles foram aposentados, em 8 de março de 1970. Durante 90 anos os amarelões transportaram os portoalegrenses, em seus lindos bancos de madeira, amplos corredores ou até dependurados, na hora do “rush”. 229 bondes e uma notável rede que abraçava todo o leque geográfico da cidade, “Capital Mundial dos Bondes”. Sim, nós éramos a Cidade dos Bondes, reconhecida mundialmente. Eu amava o bonde gaiola Duque, que me levava para casa, sacolejando, desde o Mercado até a rua Duque de Caxias. Desde o bonde Navegantes até o bonde Menino Deus, havia o Floresta, o Auxiliadora, o Rio Branco, o Petrópolis, o Partenon, o Teresópolis, o J. Abott, o Gasômetro e outras linhas, em trilhos que nos conduziam pelas veredas da Porto Alegre de outros tempos, mais calmos e românticos. Muitos namoros viraram casamentos, iniciados no interior dos bondes. E havia os anúncios de remédios e produtos, clássicos, como os do Biotônico Fontoura, Xarope Bromil, Glostora e Pastilhas Valda. Mas nenhum tão inesquecível como o do Rhum Creosotado: “Veja ilustre passageiro, o tipo faceiro que o senhor tem a seu lado. E, no entanto, acredite, quase morreu de bronquite. Salvou-o o Rhum Creosotado”. 

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