Falando dev fluentemente

Gabriel Nunes

22 de novembro de 2023

Daqui a pouco mais de 1 semana eu vou fazer minha primeira palestra. Sempre fui uma pessoa de ficar nos bastidores, porém surgiu a oportunidade e vou lá tentar algo. O tema será "Falando dev fluentemente". Resolvi também usar a news de hoje para escrever sobre esse tema – engana-se quem achou que foi porquê eu esqueci de salvar links essa semana – e tentar clarear algumas ideias pra apresentação que eu nem comecei a montar ainda.

O objetivo aqui é tentar ajudar marcas que precisam se comunicar com devs e devas mas não sabem direito como fazer isso. 

Pessoas que trabalham com programação tem alguns comportamentos muito específicos, que talvez as façam ser diferentes de pessoas que trabalham em outras profissões. Como ser fã de Naruto, por exemplo. E antes de aprender a falar “dev” fluentemente, a gente precisa entender como essas pessoas funcionam.

Não existe bala de prata

Eu fiquei por um tempo sem me envolver em comunidades de tecnologia (cerca de 10 anos) pois eu empreendi em uma agência de propaganda. Quando voltei a frequentar eventos e participar mais ativamente eu achei incrível como dev gosta de usar o termo "Bala de prata" em apresentações. Parece aquelas propagandas de pasta de dente: "9 em cada 10 desenvolvedores falam bala de prata em suas palestras". Isso provavelmente é assim por conta de Fred Brooks, que escreveu um texto em 1986 com o tema "No Silver Bullet" e que depois foi citado em vários outros livros sobre desenvolvimento de software.

Dev não se apega tanto ao design

Ok. Tem algumas pessoas (principalmente os fãs da Apple) que curtem. Mas existe uma grande gama de desenvolvedores que de tanto olharem pra uma tela preta com letras brancas para programar, no fim não tem muito apego com a estética. Vide a quantidade de gente que gosta de usar distros Linux alternativas.

Conteúdo tem que ser denso

Já prevejo que vou ler comentários de que meu texto não se aprofundou – mesmo este nem sendo o objetivo –, mas sei que as pessoas dev gostam de conteúdo denso, aprofundados. Não escreva conteúdos supérfluos e sem embasamento. Um exemplo é a newsletter Pragmatic Engineer possui mais de 500 mil inscritos, vários desses pagantes e cada texto escrito é um capitulo inteiro de um livro. Sem falar nos livros mais lidos entre quem trabalha com engenharia de software, cada um é do tamanho de 3 trilogias do Senhor do Anéis juntos.

Memes everywhere

Eu tenho quase certeza que quem inventou o ASCII foi um dev entediado. Existem coisas que só quem trabalha com programação entende e acha engraçado, como o comando cowsay de Linux, que simplesmente é uma vaquinha dizendo uma mensagem. Fora os diversos outros memes que existem na profissão.

Talvez por serem profissionais que estão o tempo todo no computador essa cultura de rir de coisas que parecem surgir na Deepweb façam sentido.

Contra o sistema

Outra coisa que dificulta um pouco se comunicar com devs e devas é que eles são "contra o sistema". Existem várias iniciativas pelo software livre, existem muitas outras iniciativas pelo código aberto. Também conheço muitos que buscam não visualizar anúncios (usam adBlock ou browsers com bloqueios automáticos) ou não possuem redes sociais.

Certo, entendi... mas e aí? Como falar com devs?

Vou responder como um sênior: "depende".

Pra uma marca conseguir conversar com devs precisa de... paciência. Os trabalhos que mais tem sucesso são trabalhos de formiguinha, é colocando devs para conversar com devs.

Participar de eventos, começar a criar conteúdos direcionados, escrever conteúdos mais longos, reunir as pessoas. Embora devs em sua maioria são introspectivos, toda pessoa gosta de se reunir com pessoas, mas devs se sentem mais acolhidos em ambientes em que todos falam a mesma língua. Não adianta fazer coisas mirabolantes mas que claramente não se sabe do que está falando.

No fim "não existe bala de prata" também. Você deve experimentar e ver quais resultados dão melhor. Na Codecon nós focamos principalmente no conteúdo da newsletter (essa que você está lendo) e nas redes sociais deixamos para memes e outras coisas engraçadas (embora seja difícil parar e escrever).

Uma dica legal é chamar as pessoas que trabalham na engenharia da empresa para participar, não deixar isso somente na mão do marketing ou do employer branding. Ou, assim como algumas empresas, investir na área de DevRel, que geralmente conecta pessoas que tem habilidades de marketing e de programação ao mesmo tempo.

Imagem rara de um profissional de DevRel

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