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Apoios Oclusais e Nichos - 9 CAPÍTULO 2 – APOIOS OCLUSAIS E NICHOS APOIOS OCLUSAIS 1 - Definição Os apoios oclusais são os componen- tes da prótese parcial removível localizados nas superfícies funcionais dos dentes naturais remanescentes. Esses componentes proporcionam su- porte vertical, impedindo que a prótese se des- loque no sentido ocluso-cervical, o que levaria a injúrias ao tecido mole subjacente. Além dis- so, os apoios oclusais evitam impacção de alimentos entre os dentes arti ficiais e o dente pilar (Figura 1). Figura 1 - Apoio oclusal 2 - Funções: A) transmitir forças mastigatórias no sentido do longo eixo do dente; B) evitar o deslocamento da prótese no sentido ocluso-cervical; C) manter a posição dos grampos; D) atuar como retentor indireto; E) impedir a extrusão dos dentes; F) proteger a papila gengival; G) evitar impacção de alimentos. Para que os apoios oclusais cumpram essas finalidades, devem possuir forma ade- quada e serem localizados sobre regiões dos dentes remanescentes preparadas para alojá- los, as quais são denominadas nichos. 3 - Regras básicas para o desenho: Os apoios oclusais devem ser dese- nhados buscando o direcionamento das forças mastigatórias o mais próximo e paralelo ao longo eixo do dente. Para isso, dois aspectos são fundamentais no desenho dos apoios: A - Extensão No sentido próximo-proximal, os apoios oclusais devem, em dentes monorradiculares, abranger pelo menos metade da raiz (Figura 2a) e, em dentes com mais de uma raiz, pelo menos uma delas (Figura 2b). Figura 2a - Extensão – dente monorradicular Figura 2b – Extensão – dente com mais de uma raiz Apoios Oclusais e Nichos - 10 B - Angulação O ângulo formado entre o apoio oclusal e o conector menor deve ser de 90°, para que as forças sejam transmitidas paralelas ao longo eixo do dente (Figura 3). Figura 3 – Angulação do Apoio Oclusal 4 - Região de colocação: A - Dentes Os apoios localizam-se nas superfícies próximo-oclusais nos dentes posteriores, sendo que nos anteriores, podem situar-se no ângulo próximo-incisal ou no cíngulo (Figura 4). Figura 4 – Localização dos apoios oclusais B - Superfície Os apoios podem ser colocados diretamen- te sobre o esmalte dental, restaurações de amálgama, resina composta ou restaurações indiretas. C - Transmissão de esforços Dependendo da via de t ransmissão dos es- forços que incidem sobre a prótese parcial removível, a localização dos apoios oclusais pode variar. c1) Espaço intercalado : em regiões de espaços intercalados, ou seja, que apresentam dentes naturais remanescentes em ambas as extremidades do espaço protético, a transmis- são dos esforços é feita totalmente por via den- tal, isto é, o rebordo alveolar não tem participa- ção. Nesse caso, o apoio oclusal deve ser pla- nejado na superfície dental vizinha ao espaço protético (Figuras 5 e 6). Figura 5 - Prótese em espaço intercalado Figura 6 - Apoio oclusal vizinho ao espaço protético Como os esforços são transmitidos por via dental, essa regra pode ser alterada, nas F F3 F2 Apoios Oclusais e Nichos - 11 seguintes situações: c1.1) Localização da área retentiva: em alguns casos, o dente pilar posterior pode se apresentar inclinado para o espaço protético. Nessa situação, a área retentiva localiza-se na região mesial desse dente, por vestibular ou por lingual. Se o apoio fosse planejado, segun- do a regra, ou seja, na mesial, o grampo de retenção ficaria com um comprimento muito pequeno, o que reduziria a flexibilidade neces- sária a esse componente (Figura 7). Figura 7 - Apoio localizado vizinho ao espaço protético Além disso, se houvesse apenas a presença do apoio na mesial, a resultante de forças ficaria direcionada distante do centro de rotação do dente. Assim, deve-se colocar um apoio também na distal, de modo que o grampo possa originar-se na região distal para atingir, com sua ponta ativa, a área retentiva na mesi- al. A localização desse outro apoio proporcio- na, também, a incidência das forças mais pró- xima ao centro de rotação do dente (Figuras 8 e 9). É importante salientar que o apoio oclusal na região mesial deve ser mantido, pois nessa região, o apoio é unido ao conector menor, tendo a função de plano guia de inserção da prótese e protegendo a papila da impacção alimentar. Figura 8 - Apoio oclusal também na distal Figura 9 - Apoio oclusal também na distal c1.2) Estética: quando o pilar de uma prótese intercalada é um dente anterior, pode- se, também, alterar a regra de colocação do apoio, com o objetivo de conseguir melhor re- sultado estético, por meio da utilização do grampo M.D.L. "modificado". Em uma prótese intercalada cujos dentes pilares sejam canino e molar, por exemplo, a regra é alterada para o canino e, então, coloca-se o apoio no cíngulo, à distância do espaço protético. Utiliza-se, nesse caso, o grampo M.D.L. modificado, que tem origem no apoio na mesial, contorna a lingual e a superfície distal (vizinha ao espaço protético), atingindo área retentiva na vestibular. Assim, um único grampo exerce na sua porção lingual, rígida, a função de oposição e na sua porção vestibular, flex ível, a de retenção, associando- F F3 F2 F F3 Apoios Oclusais e Nichos - 12 se, dessa forma, a função e a estética (Figuras 10 e 11). Figura 10 - Apoio à distância do espaço protético Figura 11 - Grampo MDL modif icado c2) Extremidade livre: diz respeito à ausência de um dente pilar na extremidade distal do espaço protético. Nesse caso, a transmissão dos esforços é feita tanto para o dente pilar como para o rebordo residual. A localização do apoio oclusal no dente de suporte principal, nesse tipo de espaço pro- tético, baseia-se no sistema de alavancas. Quando um corpo é sustentado por um apoio, e uma força é aplicada em uma das extremidades desse corpo, forma-se um siste- ma de alavanca. Quando o ponto de apoio está situado entre a resistência e a potência, forma-se uma alavanca do 1 o gênero (Figura 12a), ou seja, a resistência e a potência caminham em sentido contrário. Um exemplo desse tipo de alavanca é o funcionamento de uma gangorra (Figura 12b). P R Figura 12a - Alavanca do 1o gênero Figura 12b - Gangorra Alavanca do 2 o gênero - se o ponto de apoio for deslocado para uma das extremida- des, de forma que a resistência e a potência fiquem do mesmo lado, forma-se uma alavanca do 2 o gênero, ou seja, a resistência (R) e a potência (P) caminham no mesmo sentido (Fi- gura 13a). Um exemplo desse tipo de alavanca é o carrinho de mão sendo carregado por um operador (Figura 13b). Figura 13a - Alavanca do 2o gênero P R P R Apoios Oclusais e Nichos - 13 Figura 13b- Carrinho de mão Se essas considerações forem compa- radas à prótese parcial removível, serão obti- das as seguintes situações: 1 - Se o apoio oclusal for colocado na região distal do dente pilar vizinho à extremida- de livre, forma-se uma alavanca do 1 o gênero. Dessa forma, quando uma força mastigatória (braço de potência) incide sobre a prótese ten- tando aproximá-lados tecidos, o grampo de retenção (braço de resistência) caminha em sentido contrário, ou seja, tende a se movimen- tar em direção ao equador protético, tornando- se ativo (Figura 14). Essa situação é indesejá- vel, pois, nesse momento, a resultante de for- ças que incide sobre o dente pilar é prejudicial e desnecessária, podendo levar a um dano irreparável aos tecidos de suporte dos dentes pilares. Figura 14 - Alavanca do 1o gênero Quando, porém, forças cérvico-oclusais tentam deslocar a prótese, como por exemplo, ação muscular ou a ação pegajosa dos alimen- tos (potência), o grampo de retenção (resistên- cia) caminha em sentido contrário, ou seja, afasta-se do equador protético, tornando-se passivo (Figura 15). Portanto, o apoio vizinho ao espaço protético, nesse tipo de prótese, não promove a resistência desejada ao desloca- mento frente a forças que tendem a remover a prótese. Figura 15 - Alavanca do 1o gênero 2 - Se o apoio oclusal for colocado na mesial do dente pilar, à distância da extremida- de livre, forma-se, então, uma alavanca do 2 o gênero. Com a formação desse tipo de alavan- ca, quando uma força mastigatória incide sobre a prótese (potência), o grampo de retenção (resistência) caminha, agora, no mesmo senti- do, isto é, em direção contrária ao equador protético, tornando-se passivo (Figura 16). Figura 16 - Alavanca do 2o gênero Da mesma forma, quando uma força tende a deslocar a prótese, o grampo se dirige no mesmo sentido, ou seja, em direção ao equador protético, tornando-se ativo (Figura 17). POTÊNCIA RESISTÊNCIA R P POTÊNCIA RESISTÊNCIA POTÊNCIA RESISTÊNCIA Apoios Oclusais e Nichos - 14 Figura 17 - Alavanca do 2o gênero Essa situação é desejável, pois o grampo de retenção só irá tornar-se ativo, ge- rando forças sobre o dente, quando a prótese estiver sendo deslocada de sua posição. A atuação de forças, como por exemplo, durante a mastigação, o grampo ficará passivo, redu- zindo a formação de forças laterais nocivas aos dentes pilares, preservando o periodonto de sustentação. Desse modo, a localização do apoio em dentes vizinhos à extremidade livre deve ser sempre à distância do espaço protético (mesial), para que haja a formação de alavanca do 2 o gênero, e conseqüentemente, a minimi- zação de forças prejudiciais ao dente. Figura 18 - Apoio à distância do espaço protético NICHOS 1 - Definição Considerando que todas as condições de contorno axial dos dentes pilares de prótese parcial removível estejam favoráveis para a colocação de planos guias, grampos de reten- ção e de oposição, o preparo a ser realizado em seguida são os nichos. Nichos são cavidades preparadas nas superfícies funcionais dos dentes pilares para acomodar os apoios oclusais. Esses preparos são fundamentais para que os apoios transmi- tam corretamente as forças mastigatórias para os dentes pilares, segundo o seu longo eixo, prevenindo a incidência de resultantes laterais nocivas aos tecidos de sustentação periodon- tal. Além disso, os nichos proporcionam espaço suficiente para que apoios oclusais posteriores não atuem como contatos prematuros ou inter- ferências oclusais nocivas aos dentes antago- nistas. Se o apoio oclusal é colocado sem o preparo do nicho, as forças mastigatórias, que incidem sobre a prótese, serão transmitidas como ocorre durante o contato entre dois pla- nos inclinados (Figura 19). Figura 19 - Apoio oclusal sem o preparo do nicho A figura 19 ilustra o contato entre dois planos inclinados: o triângulo superior, que DENTE APOIO F F1 F2 F3 POTÊNCIA RESISTÊNCIA Apoios Oclusais e Nichos - 15 representa o apoio oclusal, e o triângulo inferi- or, que representa a superfície dental não pre- parada. A força F (força mastigatória), incidindo sobre os planos inclinados, é transmitida, em parte, no mesmo sentido da atuação (F1), po- rém, também é decomposta em resultantes laterais (F2 e F3). A mesma situação ocorre clinicamente, gerando forças horizontais ao dente pilar. Essas forças não são suportadas pelos dentes naturais, ao contrário daquelas direcionadas no sentido do seu longo eixo, podendo gerar problemas ao periodonto de sustentação (reabsorção óssea e mobilidade). A colocação de apoios oclusais sem o preparo de nichos nos dentes anteriores pode originar problemas aos dentes pilares (Figura 20). Figura 20 - Apoios oclusais sem o preparo de nichos Toda vez que incidir uma força masti- gatória sobre o apoio (F), esse vai deslizar sobre a superfície lingual do dente que, não sendo preparada, torna-se um plano inclinado. Nesse deslizamento, o apoio transmite uma força sobre o dente no sentido vestíbulo- lingual. Como o grampo de retenção na vesti- bular é flexível, o dente pode sofrer uma movi- mentação para vestibular. Pode ocorrer tam- bém uma área de compressão pelo conector menor, causando inflamação dos tecidos perio- dontais de proteção e, até mesmo, reabsorção nos tecidos de sustentação. À medida que todo esse ciclo se repete, o grampo de retenção entra em fadiga, sofrendo uma deformação permanente, afastando-se da superfície dental e permitindo que o dente pilar seja realmente forçado para uma posição vestibularizada. Além disso, a ausência dessa cavidade para alojar o apoio oclusal, principalmente nos dentes posteriores, promoveria a formação de um contato prematuro ou interferência oclusal que, em longo prazo, poderia desencadear reabsorção óssea, mobilidade dentária e, asso- ciado à presença de placa bacteriana, contribu- ir para a formação de bolsa periodontal. Os nichos podem ser confeccionados por meio de desgastes em esmalte ou amál- gama, restaurações de resina composta ou durante a confecção de restaurações indiretas. 2 - Forma e Características dos Nichos A - Dentes Posteriores Os nichos apresentam forma de colher, com os ângulos internos arredondados, possi- bilitando melhor adaptação do apoio oclusal às paredes internas do mesmo. Vistos por oclusal, os nichos devem ter forma triangular, com o vértice voltado para o centro da face oclusal e a base para a proximal do dente pilar. A parede pulpar do preparo deve ser perpendicular ao longo eixo do dente. Quando preparados diretamente sobre o esmalte dental, devem apresentar, na área de crista marginal, 1/2 da distância entre as pontas das cúspides vestibular e lingual, e pro- fundidade de aproximadamente 1,5 mm, para que esse preparo fique restrito apenas ao es- F F1 Apoios Oclusais e Nichos - 16 malte (Figura 21). Figura 21 - Forma e Características dos Nichos A extensão no sentido próximo- proximal deve ser: em dentes monorradicula- res, pelo menos metade da raiz, e em dentes com mais de uma raiz, atingir pelo menos uma delas. B - Dentes anteriores Os nichos podem se localizar nos ân- gulos próximo-incisais ou no cíngulo. Quando preparados nas incisais, os nichos devem a- presentar, também, forma arredondada, com a parede cervical perpendicular ao longo eixo do dente e, quando vistos por proximal, devem romper completamente o ângulo próximo- incisal (Figura 22). Os nichos preparados na região de cíngulo devem apresentar ângulos internos arredondados, paredelingual sem interferir com o eixo de inserção e remoção da prótese e parede cervical perpendicular ao longo eixo do dente (Figuras 23 e 24). Figura 22 – Nichos nas incisais Figura 23 - Forma incorreta de nicho na região do cíngulo Figura 24 - Forma correta de nicho na região do cíngulo 3 - Preparo dos Nichos: Em dentes anteriores, para o preparo Eixo de inserção e remoção Parede cervical em plano incl i- nado com o longo eixo 1/2 1/2 1,5 mm Eixo de inserção e remoção Perpendicular ao longo eixo Apoios Oclusais e Nichos - 17 na borda incisal, deve ser utilizada ponta dia- mantada esférica, posicionada paralelamente ao longo eixo do dente, ou uma ponta diaman- tada cilindro-cônica posicionada perpendicu- larmente ao seu longo eixo. O ângulo incisal deve ser rompido no sentido vest íbulo-lingual, de forma que a parede de fundo fique perpen- dicular ao longo eixo do dente, protegendo, assim, o periodonto de sustentação. Caso ocor- ra a formação de uma área retentiva no prepa- ro, essa deverá ser removida, utilizando ponta diamantada tronco-cônica. Dessa forma, as forças serão direcionadas paralelamente ao longo eixo do dente. Com a utilização dessas pontas diamantadas, os ângulos internos ficam arredondados (Figura 25). O preparo descrito pode ser, também, obtido por meio de pontas diamantadas ideali- zadas especificamente para o preparo de ni- chos. Essas pontas apresentam conformação cilindro-cônica de curto comprimento, extremi- dade arredondada e dimensões compatíveis para o preparo de esmalte dentário. Assim, com uma única fresa, todas as características do nicho são obtidas (Ex: fresa n o 2131). Figura 25 - Fresas nos 1016, 3139, 2131. Os preparos em dentes anteriores po- dem, ainda, ser confeccionados na região de cíngulo, favorecendo a estética. Para o desgas- te, deve ser utilizada ponta diamantada nº 2131, em alta-rotação, posicionada paralela- mente ao longo eixo do dente, sobre o cíngulo. A utilização dessa ponta possibilita obtenção de ângulos internos arredondados, sem promo- ver o surgimento de interferências no eixo de inserção e remoção da prótese. Para a confecção do nicho no cíngulo em dentes anteriores com pequena espessura de esmalte, deveria ser confeccionado o recon- torno em resina composta, evitando assim a exposição de dentina. Para isso, sem que a superfície do dente pilar seja desgastada, após a realização do condicionamento ácido e apli- cação do adesivo, a resina deve ser acomoda- da no terço cervical da superfície de esmalte, construindo uma parede cervical perpendicular ao longo eixo do dente pilar. A efetividade des- tes nichos tem sido verificada por meio de tes- tes de cisalhamento e fadiga que indicam sua capacidade de resistir às forças oclusais duran- te a mastigação. Para dentes posteriores, os preparos devem ser realizados de maneira a obter uma forma triangular com o ápice voltado para o centro e a base para proximal, largura vestíbu- lo-lingual de metade da distância entre as pon- tas das cúspides vestibular e lingual. Nos casos de dentes posteriores que não são vizinhos aos espaços protéticos, durante a realização dos nichos, desgastes adicionais devem ser reali- zados para permitir a união dos braços dos grampos circunferenciais aos apoios. Dessa forma, as vertentes proximais das cúspides próximas aos nichos preparados devem ser rompidas, movimentando-se a ponta diamanta- da para vestibular e lingual, sem, contudo, re- mover os contatos proximais (Figura 26). Além disso, o ângulo estabelecido entre a parede pulpar do nicho e a superfície proximal corres- pondente ao plano guia deve ser arredondado, Apoios Oclusais e Nichos - 18 assim como os ângulos internos, permitindo melhor adaptação da estrutura metálica. Figura 26 - Dentes posteriores que não são vizinhos aos espaços protéticos Todas as superfícies preparadas em esmalte, descritas anteriormente, devem ser acabadas e polidas com o objetivo de prevenir retenção de placa bacteriana e facilitar a higie- nização pelo paciente. Uma lisura adequada do esmalte pode ser obtida inicialmente com as mesmas pontas diamantadas utilizadas nos preparos, porém, em baixa rotação. Esse pro- cedimento resulta em uma diminuição conside- rável da rugosidade da superfície. A utilização posterior de pontas multilaminadas de tungstê- nio em baixa rotação, seguidas de roda de feltro com pasta diamantada, proporciona rugo- sidade semelhante ao esmalte intacto e, por- tanto, deveriam ser utilizadas (Figura 27). É importante ressaltar que a fase de acabamento deve ser realizada sob irrigação, prevenindo aquecimento excessivo, que pode causar danos irreversíveis aos dentes pilares. Após a realização do polimento, são recomendáveis aplicações sucessivas de flúor, bem como orientação do paciente quanto a higienização correta das áreas preparadas. Esses procedimentos contribuirão para a pre- venção da incidência de cáries, considerando que ocorre, nessas áreas, a exposição de uma camada de esmalte menos mineralizada. Figura 27 - Seqüência de polimento Quando preparados sobre restauração de amálgama, os nichos devem ser confeccio- nados da mesma forma já descrita para dentes posteriores. Porém, deve-se preservar 1 mm de amálgama entre o preparo e o ângulo cavo- superficial da restauração, evitando-se sua fratura. Nos casos de restaurações ocl usais, o nicho pode abranger esmalte e amálgama (Fi- gura 28). Figura 28 - Nichos em amálgama e em amálgama e es- malte Os nichos podem ser confeccionados na região de c íngulo, em dentes anteriores, por meio de resina composta aplicada diretamente sobre o esmalte (Figura 29), sob isol amento 1 mm de amálgama Nicho em amálgama Nicho em amálgama e esmalte Apoios Oclusais e Nichos - 19 absoluto. Essa técnica possui as vantagens de ser menos invasiva e revers ível. Figura 29 - Nicho em resina composta Os nichos podem, ainda, ser confec- cionados em restaurações indiretas. Nesse caso, as dimensões, tanto em extensão quanto em profundidade, podem ser maiores, pois os nichos são esculpidos durante a confecção da restauração indireta (Figura 30). Figura 30 - Nicho sobre coroas anteriores REFERÊNCIAS 1. BONACHELA, W.; TELLES, D. Plane- jamento em Reabilitação Oral com Prótese Parcial Removível São Pau- lo: Ed. Santos , 1998, 85 p. 2. FIORI, S.R. Atlas de Prótese Parcial Removível. São Paulo, Panamed, 1983. 3. 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