Incêndio na Amazônia

Chamas devem se alastrar até o fim de setembro, alerta a Nasa

Agência dos Estados Unidos detecta aumento de focos de queimadas no Amazonas e em Rondônia


Publicado em 24 de agosto de 2019 | 06:00
 
 
 
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O satélite da Nasa, espacial norte-americana, que monitora o desmatamento na Amazônia registrou, nas últimas semanas, uma alta nos incêndios na floresta no Brasil nos meses de julho e agosto, principalmente nos Estados de Rondônia e Amazonas. Segundo a Nasa, nesses dois Estados, as queimadas estão acima da média. No Pará e em Mato Grosso, estão abaixo. 

A agência espacial considera que a temporada seca, que ocorre entre julho e setembro, colabora para o agravamento dos incêndios. Por isso, avalia a agência, a tendência é que as chamas se alastrem pela floresta amazônica até o fim do mês que vem.

Quando comparada toda a bacia do Amazonas, que inclui a região Norte do Brasil e os Estados de Maranhão e Mato Grosso, além de Bolívia, Peru, Colômbia, Venezuela e Guianas, o nível de incêndios já está próximo ao da média histórica. 

De acordo com o boletim de julho do Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em agosto são registrados, em média, aproximadamente 47 mil focos de incêndio – conforme a climatologia de focos de 2002 a 2018.

Neste ano, até o dia 22 de agosto, já foram computados 76.720 focos de incêndio no país – 52,6% deles na região amazônica. Em apenas um dia – entre 21 e 22 de agosto –, foram registrados 1.384 focos a mais.

Segundo o Inpe, houve quase 2.500 novos incêndios em 48 horas no Brasil. O desmatamento na Amazônia, que avança rapidamente, é apontado por especialistas como a principal causa das queimadas.

Clima não ajuda

“Para o país, a previsão trimestral para agosto, setembro e outubro gerada pelo CPTec, Inmet e Funceme indicam tendência de estiagem mais severa na Amazônia Central e de maior precipitação no Sudeste e Sul, sendo neutra nas demais regiões”, diz o Inpe.

Segundo a meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) Nayane Araújo, a instabilidade em áreas que estavam mais secas, como no Amazonas, centro-sul do Pará, divisa com Tocantins, Rondônia e Acre, aumentou, e foram registradas algumas pancadas de chuva ontem. “Este é um padrão diferente do que vinha acontecendo nos dias anteriores”, compara.

Embora isolados, explica a meteorologista, esses eventos devem contribuir para “aliviar a qualidade e a umidade do ar”. Para este fim de semana, Nayane diz que as áreas de instabilidade continuam na região, e podem ocorrer novas pancadas de chuvas, de forma “mais espalhadas”.

“No decorrer do fim de semana, vai ter chuva no Amazonas, em Rondônia e no Acre, em áreas que estavam mais secas. Chuvas de intensidade moderada e eventualmente forte também podem ocorrer em alguns pontos. Isso se mantém pelo menos até o começo da semana”, diz.

Fronteira

Ontem o Paraguai controlou um incêndio que arrasou pouco mais de 20 mil hectares na área do Pantanal, na tríplice fronteira com a Bolívia e o Brasil, informou o ministro do Meio Ambiente, Ariel Oviedo. O fogo, que começou há uma semana numa área de pastagem, “foi controlado naturalmente com a mudança da direção do vento”. 

Devastação atingiria da Pampulha até o Buritis

De acordo com os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que monitora o desmatamento por meio de imagens de satélite, a onda de incêndios na Amazônia já devastou mais de 20 mil hectares de vegetação no Norte do país, chegando à tríplice fronteira entre Brasil, Bolívia e Paraguai. 

Se fosse em Belo Horizonte, os 200 km² de destruição provocada pelas chamas teriam atingido da Pampulha ao Buritis (na região Oeste), afetando, por exemplo, pelos bairros Cidade Nova (Noroeste), Santa Efigênia (Leste), Funcionários (Centro-Sul) e Padre Eustáquio e Caiçara (Noroeste). A capital mineira tem cerca de 300 km².<

Para o pesquisador do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), Paulo Moutinho, a área da bacia amazônica desmatada equivale ao tamanho da França. “É mais ou menos 20% (do total)”, diz. No entanto, pode levar décadas para recuperar a densidade de vegetação que havia antes.

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