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Inovação verde está a abrandar desde 2010

Fundo Monetário Internacional defende que políticas climáticas coordenadas podem estimular a inovação em tecnologias de baixo carbono e ajudar à sua disseminação pelas economias em desenvolvimento.

Sónia Santos Dias 08 de Novembro de 2023 às 10:16
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A inovação tecnológica verde atingiu um pico de 10% do total de registos de patentes em 2010 e, desde então, está a registar um ligeiro declínio, divulga o Fundo Monetário Internacional (FMI).

O abrandamento reflete vários fatores, entre os quais a maturidade tecnológica de algumas tecnologias iniciais, como as energias renováveis. "Assistimos a décadas de progressos na inovação verde para a atenuação e adaptação: desde os automóveis elétricos e o hidrogénio limpo até às energias renováveis e ao armazenamento de baterias. No entanto, mais recentemente, a dinâmica da inovação ecológica abrandou. E as tecnologias promissoras não se estão a difundir com rapidez suficiente nos países de baixo rendimento, onde podem ser especialmente úteis para reduzir as emissões", destaca a investigação levada a cabo pelo FMI.

Para o FMI, o abrandamento é "preocupante porque a inovação verde não só é positiva para conter as alterações climáticas, como também para estimular o crescimento económico". Desta feita, considera que é necessário tornar as tecnologias baixas em carbono mais baratas e mais amplamente disponíveis para reduzir as emissões nocivas.


A investigação mostra que duplicar o registo de patentes ecológicas pode aumentar o produto interno bruto em 1,7% ao fim de cinco anos, em comparação com um cenário de referência, segundo a sua estimativa mais conservadora, mas outras estimativas mostram um efeito até quatro vezes superior.

"Os benefícios económicos da inovação ecológica resultam sobretudo do aumento do investimento nos primeiros anos. Ao longo do tempo, outros benefícios de crescimento advêm de energia mais barata e de processos de produção mais eficientes do ponto de vista energético. Mais importante ainda, resultam de um menor aquecimento global e de catástrofes climáticas menos frequentes (e menos dispendiosas)", explica o FMI.

A inovação verde está associada a mais inovação em geral e não apenas a uma substituição de tecnologias verdes por outros tipos. Isto pode dever-se ao facto de as tecnologias verdes exigirem frequentemente inovação complementar.

O FMI considera que políticas climáticas coordenadas podem estimular a inovação em tecnologias de baixo carbono e ajudá-las a espalhar-se pelas economias de mercado emergentes e em desenvolvimento. Por exemplo, "um grande aumento no número de políticas climáticas tende a aumentar os registos de patentes verdes, o nosso indicador preferido de inovação verde, em 10% no espaço de cinco anos", assinalam os investigadores.

 

Algumas das políticas mais eficazes para estimular a inovação verde incluem esquemas de comércio de emissões que limitam as emissões, tarifas de alimentação, que garantem um preço mínimo para os produtores de energia renovável, e despesas governamentais, como subsídios para investigação e desenvolvimento. Além disso, as políticas climáticas globais resultam em aumentos muito maiores na inovação verde do que as iniciativas nacionais por si só. Pactos internacionais como o Protocolo de Quioto e o Acordo de Paris amplificam o impacto das políticas nacionais na inovação verde.

Uma das razões pelas quais a sincronização de políticas tem um impacto proeminente na inovação verde nacional é o chamado efeito de dimensão do mercado. Há mais incentivos para desenvolver tecnologias com baixo teor de carbono se os inovadores puderem esperar vender para um mercado potencial muito maior, ou seja, em países que adotaram políticas climáticas semelhantes.

Outro é o facto de as políticas climáticas de outros países gerarem inovações e conhecimentos ecológicos que podem ser utilizados na economia nacional. Este fenómeno é conhecido como difusão de tecnologia. Por último, a sincronização das ações políticas e os compromissos internacionais em matéria de clima criam mais certezas em relação às políticas climáticas nacionais, uma vez que aumentam a confiança das pessoas no empenho dos governos em combater as alterações climáticas.

"As políticas climáticas ajudam mesmo a difundir a utilização de tecnologias com baixo teor de carbono em países que não são fontes de inovação, através do comércio e do investimento direto estrangeiro. Os países que introduzem políticas climáticas registam mais importações de tecnologias com baixo teor de carbono e maiores fluxos de IDE verde, especialmente nos mercados emergentes e nas economias em desenvolvimento", assinala o FMI.

 

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