Comportamento

Por Por Isadora Pacello Com Júlia Martinez


Micos-leões costumam dar à luz gêmeos, e pai e mãe se dividem para cuidar dos filhotes — Foto: Canva/ CreativeCommons
Micos-leões costumam dar à luz gêmeos, e pai e mãe se dividem para cuidar dos filhotes — Foto: Canva/ CreativeCommons

No mundo animal, quando se fala em cuidados com os filhotes, é inegável a importância da figura materna. Aliás, é comum que muita gente alimente o imaginário de que, entre os bichos, o pai só participa da cópula, deixando para a fêmea todas as responsabilidades com a prole. No entanto não é necessariamente assim que a dinâmica funciona.

Segundo Priscilla Prudente do Amaral, coordenadora do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres, é difícil afirmar categoricamente que a mãe tende a cuidar mais dos filhotes. Para isso, seria necessário fazer uma comparação entre todas as espécies.

“O que sabemos é que, para muitos bichos, os pais também são essenciais nesse momento, revezando as tarefas, defendendo o ninho e até mesmo trazendo alimento para a mãe”, diz Priscilla.

Pai, o protagonista

É o cavalo-marinho macho que engravida — Foto: Canva/ CreativeCommons
É o cavalo-marinho macho que engravida — Foto: Canva/ CreativeCommons

Casos emblemáticos são o do pinguim — o pai incuba o ovo, enquanto a fêmea sai numa jornada de meses em busca de alimento — e do cavalo-marinho — é o macho que engravida, em lugar da fêmea.

Há, inclusive, espécies nas quais as mães não cuidam dos ovos e nem dos filhotes: o trabalho acaba assim que colocam os ovos. “Aí o pai incuba e depois cuida dos pequenos. Exemplos disso são avestruzes, emas, macucos, dentre outros”, comenta Priscilla. Nesses casos, as fêmeas podem ser fecundadas por vários machos, e um mesmo macho pode cuidar dos ovos de várias fêmeas.

Segundo a profissional, dentre as emas (Rhea americana), o macho incuba os ovos, permanecendo sobre eles constantemente durante 30 dias. Após a eclosão, ficam com os filhotes por até seis meses.

“Os machos de azulona (Tinamus tao) incubam os ovos e cobrem-os com folhas ao sair do ninho, para que fiquem escondidos de predadores. Quando os filhotes nascem, ficam protegidos sob o pai e até sobem em suas costas por segurança”, narra Priscilla.

No caso da picaparra (Heliornis fulica), tanto a mãe, quanto o pai cuidam da prole, mas apenas o macho possui uma espécie de bolsão atrás das asas, onde os filhotes podem se alojar e ser levados durante voos curtos.

Os zogues são monogâmicos e os machos participam do cuidado com os filhotes — Foto: ( Wikimedia Commons/ Bart van Dorp/ CreativeCommons)
Os zogues são monogâmicos e os machos participam do cuidado com os filhotes — Foto: ( Wikimedia Commons/ Bart van Dorp/ CreativeCommons)

Pais presentes

E não para por aí: entre os primatas Callicebinae, como sauás, guigóse e zogues, que formam casais monogâmicos a longo prazo, o pai assume grande parte do trabalho de criação da prole. “Eles carregam os filhotes a maior parte do tempo para as fêmeas/mães terem melhores condições de se alimentar e produzir o leite para amamentação”, conta Luciana Pacca, analista ambiental do ICMBio.

A especialista lembra que essa ajuda é fundamental no caso de espécies em que costumam nascer gêmeos — como ocorre com micos, micos-leões e saguis. Já que mãe é uma só, o pai cuida do segundo filhote, o que garante que ambos ganhem a devida atenção e que a mãe consiga amamentar tranquilamente.

O peixe-boi Netuno se mostrou muito dedicado ao cuidado com sua prole — Foto: Canva/ CreativeCommons
O peixe-boi Netuno se mostrou muito dedicado ao cuidado com sua prole — Foto: Canva/ CreativeCommons

Dentre os animais aquáticos, um caso curioso foi observado em cativeiro, na base de reabilitação do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Aquáticos (ICMBio/CMA), em Itamaracá. O peixe-boi Netuno permanecia próximo da mãe dias antes de ela parir e, após o nascimento do filhote, não deixava ninguém se aproximar.

“Quando era separado da mãe e do filhote, ele passava o dia debruçado sobre a borda da piscina, como se estivesse tomando conta dos dois. Quando voltavam a ficar juntos, ele permanecia perto do filhote constantemente”, relembra Fábia de Oliveira Luna, coordenadora do CMA.

É importante enfatizar que a estratégia adotada por cada espécie é aquela que se mostrou mais eficaz durante o processo evolutivo. Por isso, não existe jeito “certo” ou “errado”, apenas aquele que funciona melhor para cada animal.

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