Sobre acreditar!

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Já dizia Millôr Fernandes que “acreditar que não acreditamos em nada é crer na crença do descrer”. No que você acredita e o que te move? Já parou para pensar nestas reflexões? Acreditar é uma palavra tão simples, mas que requer tantos questionamentos, principalmente, quando não cumprimos aquilo que falamos. Muitas vezes, se diz acreditar e pensamos o contrário. É fácil! É comum! Entretanto, acreditar é sobretudo a força que a palavra tem. Se queremos, fazemos. Se temos certeza, não vem dúvida e nenhum tipo de balanço que faz interromper, parar, repensar. Se persistimos, acaba acontecendo, nem que seja de uma forma inesperada. A vida tem sempre esses inesperados.

O acreditar é tão rico puramente que independe de qualquer outra coisa. É forte tanto quanto a fé que cada um de nós carrega em si. Sobre acreditar é quando você sobe os degraus sem ver toda a escada, mas sabe que conseguirá terminar de subir. Sobre acreditar é quando você sente o coração congelar em segundos porque tem preocupação com determinada situação e, de repente, suspira um alívio que bate imediato porque você se lembra que sabe acreditar. Mesmo que seja difícil ver ou mesmo que não haja nenhuma definição você sabe que faz da chuva a oportunidade para a florzinha brilhar, nem que seja pela sua imaginação.

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É a arte que talvez poucos tenham em conseguir enxergar na dor a alegria, ou tornar os momentos difíceis a oportunidade mágica de transformar alguma coisa, alguma realidade. Quando eu tinha 22 anos deixei muitas coisas para trás e de ônibus encarei uma estrada que não conhecia, lugares totalmente diferentes e muito longe de casa. Foram quatro mil quilômetros atravessando vários estados do país em busca de algo que eu nem sabia o que era, mas que eu acreditava que seria bom. E não era, encontrei muita areia branca que me esperava junto de muita comida estranha e gente falando puxadinho. Cidades pobres, mas de gente cheia de coração aberto. Fiz do medo a vontade de dar certo. Deu, porque eu acreditei. E, como?

Não sei, acho que essas coisas a gente traz de berço, da infância, da personalidade que vamos moldando em cada momentinho que vivemos, que criamos, que abraçamos. Essa coisa de acreditar tem de vir lá do fundo, daquele lugarzinho mais nobre dentro de nós, um terreno que ninguém pisa. É de lá que tiramos as coisas mais bonitas, mais puras e mais verdadeiras de nós. Acreditar é entender que não somos perfeitos e que iremos errar e que mesmo que se cometa uma falha não iremos nos cobrar por isso, iremos, sim, questionar e identificar o que provocou a falha para então melhorar. Acreditar é perdoar a si mesmo, é não se julgar, não se cobrar, não se punir ou castigar. Acreditar é olhar para si, para o mundo e enxergar o que ninguém vê, que não está exposto. Na filosofia, Platão defendia a ideia de Sócrates de que o mundo real é o mundo das ideias, então, acredite naquilo que te move e que te faz crer!

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