A alfaia é um instrumento constituído de cilindro e aro de madeira, duas peles bovinas e cordas para afinar o instrumento. São tocadas com duas baquetas espessas (no Leão, as duas têm o mesmo tamanho) ou com uma baqueta espessa e um fino galho de árvore (também chamado de bacalhau). Segundo mestre Afonso, no passado, o Leão Coroado utilizou a alfaia de barrica reaproveitada (um tonel de madeira utilizado para transportar ou guardar mercadorias, sobretudo líquidos). O uso das barricas no transporte de líquidos foi descontinuado por razões econômicas, e o mesmo teria ocorrido com o seu reaproveitamento pelos maracatus.

Créditos: Ensaio no terreiro dia da gravação dos toques para a vídeo aulas, fotografo Guga Soares, novembro ano 2015, acervo do Leão Coroado projeto Salvaguarda.

Sendo o principal veículo da massa sonora do baque, a alfaia tornou-se um importante símbolo do maracatu. Embora seja utilizada também em outras tradições culturais, como o coco e a ciranda, a alfaia passou a ser o instrumento simbólico mais destacado de Pernambuco através do maracatu nação. A alfaia é de origem africana e é um dos principais elementos de africanidade dos mararacatus, que não é constituída apenas pela imagem desse instrumento isoladamente, mas dos batuqueiros “batendo alfaia”. Esse instrumento tem um papel de destaque na sonoridade e na imagética do baque que compõe tal produção de sentido do maracatu.

Créditos: fotografia do batuque na noite para os tambores silenciosos de Olinda, ano 2012, fotografia de Guga Soares.