Impactos causados na saúde do aeronauta.

A aviação atual exige dos pilotos um bom preparo físico e mental. Dessa forma, há uma seleção mais precisa dos aeronautas e, consequentemente, mais segurança na execução das atividades do piloto e de aviação de modo geral. Uma boa preparação intelectual proporciona uma maior segurança de cabine e melhor desempenho da função, além de ser fundamental para a vida de todos os aviadores.

Além disso, fatores externos podem interferir nos aspectos comportamentais dos pilotos. Vários acidentes são causados por transtornos mentais de algum dos integrantes das aeronaves. Muitos desses desequilíbrios são ocasionados pelo estresse que se origina da própria rotina funcional que, na maioria das vezes, é desgastante e ocasiona alterações nas relações afetivas que o tripulante possa ter.

A relação saúde-doença no trabalho deve ser analisada a partir do processo e organização deste. Porém, a maioria dos estudos envolvendo a saúde dos aeronautas baseia-se em condições ambientais presentes no interior da aeronave e algumas destas condições envolvem propriedades biológicas, físicas ou químicas, que possam intervir no ambiente de trabalho.

Alguns fatores presentes no trabalho dos aeronautas e que influenciam sua saúde são: temperatura, pressão, vibração, umidade, gases tóxicos, fungos, características ergonômicas, entre outros. O aeronauta submete-se a toda série de condições de trabalhos que são inadequadas à saúde e que parecem contribuir para a sua deterioração. A análise mais profunda destas condições de trabalho permitirá que se investigue com mais precisão o processo saúde-doença, em seu campo saúde-trabalho (PALMA, 2002).

Outros fatores, tais como, exposições e radiações, variações de temperatura, transposição de fusos horários, posições desfavoráveis ao repouso, manipulação de agentes biológicos e higiênicos, também aumentam os riscos à saúde, mas os estudos ainda são insuficientes para constatar os efeitos sobre a saúde do trabalhador (ITANI, 1998).

IMPACTOS NEGATIVOS NA ROTINA DE TRABALHO DOS AERONAUTAS.

Ao voltar o olhar para as profissões de pilotos e comissários de bordo, verificam-se as particularidades das rotinas de trabalho desses profissionais, com a presença de variáveis que podem impactar negativamente na saúde mental, como: mudanças constantes das escalas, tomada de decisão assertiva, exigências elevadas, alta responsabilidade consigo, passageiros, colegas e empresas. Apesar do compartilhamento da rotina de trabalho com parceiros, outros atores profissionais que atuam nesse ramos, por exemplo, controladores de voo, pilotos e comissários, são os que possuem maior visibilidade e estão em contato direto com uma ampla diversidade de pessoas.

Compreende-se que a prática profissional aérea ainda está implicada diretamente com outros desafios mais específicos para os trabalhadores: ambientes confinados, privações pessoais e sociais, restrições nas aspirações acadêmicas e sociais, baixa disponibilidade para atividades de rotina e programadas atencipadamente (MOTTA, 2019).

Diante de todas essas particularidades, espera-se desses profissionais um completo domínio das questões técnicas em conjunto com as questões emocionais. Mas, neste ponto, observa-se um desafio complexo, pois as particularidades do fazer laborativo desses perfis desencadeiam níveis elevados de estresse e se faz necessário dar conta de uma rotina de trabalho com equilíbrio emocional e estabilidade de humor.

Ressalta-se que, em paralelo ao dia a dia laboral, todos os profissionais passam por situações e processos naturais de desenvolvimento como vivências, que pode ser o nascimento de um filho, a aquisição de uma casa nova, um casamento, entre outras situações, repletas de emoções positivas. Entretanto, ocorrências que desencadeiam emoções negativas, como separações conjugais, morte de uma pessoa querida, um acometimento grave da própria saúde ou de uma pessoa próxima, também podem ocorrer naturalmente no curso da vida de todos os indivíduos. Todas essas situações tendem a desencadear estados transitórios ou contínuos de desgaste emocional e elevação de estresse. Assim, blindar-se pessoal e profissionalmente e manter os excelentes níveis de domínio profissional exigem uma carga emocional elevada e particularizada desses trabalhadores (LAMIN, 2020).

É importante observar que as autoridades de aviação e as companhias aéreas têm regulamentações e diretrizes estritas para proteger a saúde dos aviadores. Isso inclui limites para o tempo de serviço, regulamentações sobre consumo de álcool e drogas, treinamento de segurança e avaliações médicas regulares.

Sendo assim, importante ressaltar que os aviadores também são incentivados a adotar práticas de autocuidado, como manter uma dieta equilibrada, fazer exercícios regularmente, dormir adequadamente e procurar apoio médico quando necessário. O monitoramento constante da saúde é fundamental para garantir que os aviadores estejam em condições adequadas para operar aeronaves com segurança.