Referência Teorica 2

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Vãos

Os edifícios sempre necessitaram permear aos ambientes, para a circulação de ar, de pessoas e de luz e o ser humano sempre buscou maneiras de suprir essas necessidades, de acordo com a cultura local, material e mão de obra disponíveis.

Segue-se abaixo um estudo, sempre que possível ilustrado, cuja finalidade é apresentar as diversas possibilidades estereotômicas para se estabilizar um vão e posteriormente cercar a esta lacuna de paredes, cujas possibilidades de assentamento foram observadas na Referência Teórica 1.

1- Dintéis Monolíticos:

A sobreverga é constituída de um único bloco (não decupado em partes), retilíneo ou apontado, apoiado nas extremidades. A foto da sobreverga monolítica abaixo registra, satisfatoriamente, os dois exemplos (Missão Jesuítica de San Ignacio Mini, atualmente na Argentina)




2- Arcos decupadosArco pleno:

O arco pleno utilizado para a amostragem, pertence ao Castelo da Torre de Garcia D’Ávila, em Tatauapara o Praia do Forte na Bahia.




O arco pleno de ensaio, produzido através de impressão 3D é auto sustentado. A “forma” de papel rígido, simula o cimbre (tipo de andaime ou armação de madeira também é conhecido por cambota) que serve de suporte durante a construção de arcos e abóbadas, sendo retirado após a instalação da “pedra-chave”.




Em um arco, seja este pleno ou outro qualquer, as pedras recebem nomes de acordo com a função e a posição que ocupam: impostas, aduelas, pedra de arranque, luz, intradorso, extradorso, flecha, nível de imposta e pedra chave, são termos gerais que constam do glossário.




3- Arcos decupadosArcos rebaixados.
Em função de sua manufatura extremamente simples, foram muito utilizados no período colonial no Brasil, transformando-se inclusive em linguagem plástica característica da época.







4- Arcos decupados – Arcos alteados:



Na foto abaixo, que registra o acesso principal e o coro da Igreja da Imperial Irmandade de Nossa Senhora da Glória do Outeiro, no Rio de Janeiro, pode-se notar:
a-) Arco pleno no vão do coro.
b-) Arco alteado, acima da cimalha superior, recebendo a abóbada cônica que cobre a nave.
c-) A abóbada de berço central, junto à portada principal, as duas abobadilhas laterais, bem como os vãos de acesso aos púlpitos e ainda todas as tribunas esconsas, em arcos rebaixados.




5- Arcos decupados – outros arcos simples, diversos – pela ordem nos desenhos:
Falso árabe, elíptico rebaixado, elíptico alteado e falso parabólico.




O Arsenal, ou paiol acima (Fortaleza de Santa Tereza) foi construído segundo a traça do arco falso parabólico. Foi concebido semi-enterrado e o formato da abóbada foi adotado para poder conter internamente uma possível explosão.

6- Arcos Abatidos:



Os arcos abatidos, foram desenvolvidos para vencerem grandes luzes, quando a flecha era muito grande. Desta forma a edificação deveria ter uma altura muito maior, para permitir o uso do arco pleno. O genial traçado, se possibilita que vãos de grande largura, sejam arrematados, com um dos mais belos tipos de arcos que há. Na foto acima, o arco abatido no claustro do Mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro) é uma obra tardia e está datado de 1984.

A animação seguinte apresenta a confecção de um arco abatido e seu cimbre bi-apoiado.

Abaixo, a foto demonstra o ambiente de reunião de trabalho do Grupo de Estudos sobre Estereotomia na EBA/UFRJ, quando se promoveu estudos e ensaios sobre estabilidade dos arcos abatidos. O material utilizado (plástico por impressão 3D), ficou a exigir a presença de um elemento aglutinante entre cada uma das “pedras”.




7- Arcos aviajados:
Contemporaneamente muito utilizados pela indústria, os arcos aviajados também foram muito utilizados na Arquitetura, sobretudo para permitir a circulação sob escadas ou ainda como Arco botantes na Arquitetura Gótica.



8- Arcos de ogiva, fluentes na idade média européia e no Neo-gótico brasileiro:



A Igreja de Nossa Senhora Mãe dos Homens, no Colégio do Caraça, localizado no município de Catas Altas do Mato Dentro (M.G.) com seus arcos de ogiva e abóbadas de arestas com nervuras, representa um notável exemplar Neo-gótico. A Estereotomia, como nos exemplos do estilo inspirador, possibilita grandes vãos, colunas delgadas e arremates caprichosos.





De traçado gótico flamejante e gerando superfícies de dupla curvatura, o arco estereotômico do passadiço-tribuna do presbitério da borromínica Igreja de São Pedro dos Clérigos de Mariana (detalhe acima) apresenta uma luz enorme para a flecha que foi utilizada no projeto atribuído a Antonio Pereira de Souza Calheiros. O traçado deste arco se iguala ao traçado geométrico apresentado ao lado, acima. A Igreja de São Pedro dos Clérigos apresenta ainda um elemento complicador a mais: o perfeito arco esta executado em uma superfície cilíndrica, no “tambor” da capela mor.

Deve-se notar que algumas das aduelas trazem escavados em si, reentrâncias retangulares. Nestas lacunas, muito provavelmente entrariam os marcos (tacos) que sustentariam uma futura talha à maneira do barroco, talha essa não, consumada.

9- Arco inflexo



Acima, o arco inflexo da Igreja de Santa Rita, de Paraty; abaixo, o arco inflexo (sem concordância) projetado por Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, para a sustentação do coro da Igreja de da Ordem Terceira da Penitência de São Fransco de Assis de Ouro Preto.




10- Arco tudor, arco otomano, arco mourisco, arco em ferradura e arco mourisco em ferradura:



Arco Mourisco (Plaza de Toros Colonia del Sacramento).



Arco em ferradura (Plaza de Toros-Colonia del Sacramento)

11- Arco trilobado decupado (à maneira da Igreja da Redução de de Jesus de Tavarengue, hoje no Paraguai):