Ogros: Da sombria tradição folclórica oral ao divertido Shrek

(Representação visual gerada pela IA Midjourney)

Os ogros são frequentemente reconhecidos como criaturas míticas de grande estatura e aparência temível, encontradas em diversas culturas ao redor do mundo. Com raízes profundas nas tradições orais e literárias, são frequentemente retratados como seres que se alimentam de humanos, especialmente crianças, e que habitam lugares remotos ou inóspitos, como cavernas e florestas densas. Embora as características específicas e os contornos dessas criaturas possam variar dependendo da tradição cultural, sua essência como monstros ameaçadores e representações do desconhecido é um tema recorrente no folclore mundial.

A primeira menção literária a um ogro ocorre no épico italiano “Orlando Furioso”, de Ludovico Ariosto, publicado em 1516. No entanto, é seguro dizer que a crença em seres similares é muito mais antiga, possivelmente tendo origens em contos transmitidos oralmente muito antes de serem registrados.

A palavra “ogro” tem suas raízes na língua francesa, mais precisamente no termo “ogre”. No entanto, criaturas semelhantes são encontradas em diversas culturas, podendo ser reflexos universais dos medos e ansiedades humanas. Tais figuras monstruosas podem representar o desconhecido, os perigos que se escondem além das fronteiras da aldeia ou da cidade, e os aspectos sombrios da natureza humana.

Na cultura nórdica, os “trolls” são criaturas frequentemente associadas a montanhas e florestas, conhecidos por sua aversão à luz do dia e por vezes descritos como devoradores de humanos. No Japão, os “oni” são demônios ou trolls, muitas vezes retratados com pele de cores vivas, múltiplos olhos e portando clavas; eles são entidades tanto temidas quanto reverenciadas. Os “cíclopes” da mitologia grega, gigantes de um único olho no centro da testa, são também seres de grande força e temperamento, assemelhando-se em vários aspectos aos ogros. Apesar das nuances que diferenciam estas entidades, todas compartilham semelhanças fundamentais com os ogros em termos de aparência intimidadora e associação com o desconhecido ou perigoso.

Ao criar monstros como os ogros, as sociedades podem dar forma e nome aos seus medos, tornando-os, de certa forma, mais manejáveis. Ao narrar histórias em que humanos superam ou enganam tais entidades, as culturas reforçam qualidades como a astúcia e a capacidade de superação diante das adversidades.

Ao longo das últimas décadas, os ogros experimentaram uma ascensão notável na cultura popular e midiática, evoluindo de meras entidades folclóricas a ícones reconhecidos globalmente. Esse ressurgimento deve muito ao mundo do entretenimento, em particular ao cinema e à animação. Um exemplo emblemático é o filme “Shrek”, da DreamWorks, lançado em 2001. A popularidade do personagem demonstra a adaptabilidade dos ogros no imaginário coletivo.

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