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Por Nosso Campo, TV TEM


Mangostão e achachairu são cultivados no interior de SP — Foto: Reprodução/TV TEM

O mangostão é uma fruta difícil de colher, mas não tem outro jeito: é com o máximo de cuidado que cada uma é retirada do pé. Uma possível queda pode prejudicar o visual e comprometer a venda. A fruta fica no ponto quando atinge a cor roxa bem escura por fora. Por dentro, é uma massa branca, dividida em gomos.

Um sítio que fica em Mirandópolis (SP) tem 200 pés da fruta, que não é comum no Brasil. A origem é asiática e foi o pai do agricultor Júlio Shimasaki quem iniciou o plantio, cerca de 30 anos atrás.

"Na década de 1990, meu pai ficou conhecendo essa fruta mangostão. Na época falava-se 'uma fruta, um dólar'. Então, houve uma corrida atrás dos pés de mangostão, onde conseguir. Então, meu pai conseguiu em contato com um produtor de Belém. Pegou a caminhonete e foi até Belém, maravilhado com a quantidade de frutas produzidas no pé", conta Júlio.

Atualmente, o produtor recebe entre R$ 15 e R$ 20 pelo quilo da fruta. Júlio deve colher nesta safra no máximo duas toneladas. Isso é metade da produção do ano passado. Uma queda que é causada pela falta de chuva e, principalmente, das geadas.

Paciência é uma virtude importante para o produtor de mangostão. As plantas na propriedade são grandes, bonitas, com seis metros cada uma. Só que, por ano, o pé da fruta cresce em média de dez a 15 centímetros. Desde o plantio das mudas até a primeira colheita, demora pelo menos de 12 a 15 anos.

Para o agrônomo Gilberto Massami, a principal vantagem de quem aposta em frutas exóticas é o preço. Como a oferta é pequena, o produtor consegue um bom retorno, mas é importante escolher bem o que vai plantar.

"O produtor deve planejar o seu plantio, a escolha da variedade, verificar se essa variedade vai ser viável para a nossa região. A nossa região é muito quente com temperaturas aí na parte do verão próximas de 40°C, ultimamente não tem chovido muito. Hoje a irrigação é essencial para essas culturas, e essas culturas aqui, o mangostão, lichia, gostam de muita precipitação, em torno aí de 1.500 a 2.500 mm ano. Então, se faz necessário todo esse planejamento para implantação de uma cultura", explica.

(Vídeo: veja a reportagem exibida no programa em 19/12/2021)

Mangostão e achachairu são cultivados no interior de SP

Mangostão e achachairu são cultivados no interior de SP

A família da produtora rural Renata Rezek também está no ramo das frutas exóticas. O investimento foi feito depois de bastante estudo. A escolha recaiu sobre o achachairu, que é típico da Bolívia, mas vem se adaptando bem.

Por fora, a casca é resistente. Por dentro, uma massa branca, parecida com a da jabuticaba, só que mais firme.

São 500 pés irrigados, mas, por causa da falta de chuva ao longo do ano, as frutas vão demorar algumas semanas a mais para ficarem prontas para colheita. Mesmo com esse atraso, a produção não deve ser afetada.

"Há dois anos que a gente vende para o Brasil e para vários lugares, mas a produção só vem aumentando. No ano passado, foi uma produção grande de três toneladas e, esse ano, a gente espera que ela seja no mínimo 20% maior, chegando até mais um pouco. A cada ano que passa, ela produz mais, é da árvore, tem pesquisas a esse respeito. Então, ela tem uma produção maior e a gente cuida, a gente irriga, nós temos um agrônomo responsável", explica.

Mangostão e achachairu são cultivados no interior de SP — Foto: Reprodução/TV TEM

A produção é vendida no Ceagesp de São Paulo, de onde as frutas seguem para outras partes do Brasil. A família recebe R$ 36 pelo quilo da fruta.

Uma das principais características de um pé de achachairu é que o fruto fica escondido em meio à folhagem, que ajuda na proteção do sol. Os frutos são heterogêneos, não ficam maduros no mesmo período, uma característica que, para os produtores, é positiva, pois eles conseguem colher por mais tempo.

A colheita é feita em um ciclo de três meses. O ponto ideal para colher e consumir o achachairu é quando o fruto está com mais ou menos 30 gramas, com uma coloração alaranjada bem forte. O gosto é diferente das frutas convencionais. É muito gostoso, bem doce, mas, no final, ele tem uma leve acidez.

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