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Por Jô Alvim, Psicóloga

Fiscalizar as suas amizades, mandar você tirar o batom, controlar suas roupas ou sua aparência, questionar por que você está online no aplicativo do celular, obrigar a excluir alguém de sua rede social ou pedir todas as senhas como prova de amor. Você conhece estas atitudes? Elas são sinais de relacionamento abusivo.

O relacionamento abusivo ocorre quando um dos lados usa o próprio poder, seja físico, emocional ou psicológico, para controlar o outro, impondo situações constrangedoras e humilhantes. O agressor é muito sedutor e para conseguir o que deseja envolve a vítima aos poucos. Geralmente o relacionamento abusivo só é percebido quando a situação chega ao limite, como a agressão física.

Nas relações afetivas, o agressor, em alguns momentos do cotidiano do casal, trata a vítima com total desrespeito, cinismo, rebaixando-a com afirmações que denigrem seu jeito de ser. Posteriormente, depois de despejada sua ira, tem atitudes opostas pedindo perdão ou com gestos do tipo “eu te amo, vem aqui e me dá um abraço”, sempre acompanhadas de promessas de mudança de comportamento, deixando a vítima muito confusa e cada vez mais enfraquecida porque tem sua autoestima diminuída, o que a dificulta, inclusive, identificar o quadro.

Há também outros comportamentos, mais sutis, quando o agressor faz a vítima sentir-se que é incapaz de fazer algo, tornando-a mais dependente, quando a faz sentir-se mal por algo que ela não tem controle, ou, ainda, quando atrapalha suas realizações.

Aos poucos, estes abusos vão se intensificando deixando a vítima tão fragilizada a ponto de considerar que aquela violência psicológica, e muitas vezes física, a que está submetida, é apenas uma forma de cuidado, de carinho e não de desrespeito por parte daquele que ela considera o amor da sua vida. Uma armadilha que a mantém presa ao relacionamento

Quando a vítima tenta reagir, já no limite da sua angústia, faz de forma pouco hábil, o que reforça a convicção de que é desequilibrada, sentindo-se mais culpada. E quando procura ajuda, na maioria das vezes, acaba voltando atrás preferindo viver nesta “loucura a dois” porque é a única forma que ela conhece. São relacionamentos cheios de altos e baixos, com muitas brigas e confusões, alternados com poucos momentos de paz.

Para romper com este ciclo é necessário, inicialmente, que a vítima conscientize-se que tem dificuldade em deixar este relacionamento, mesmo sabendo que traz mais sofrimento do que bem estar. Por isso é preciso procurar o apoio de amigos, familiares e de profissionais para que consiga enxergar a situação em que se encontra e perceber que a manipulação do outro faz com que ela se esqueça de sua individualidade. É preciso também melhorar a autoestima, a partir do autoconhecimento, reconhecendo os próprios valores, para compreender quais são as dificuldades não elaboradas que a leva a buscar, ilusoriamente, a solução nos relacionamentos tóxicos.

O amor próprio é fundamental para que uma pessoa não se permita viver relações abusivas. É preciso entender que amar a si mesmo não é sinal de egoísmo, como propagam por aí, e sim de considerar que não é merecedor de qualquer coisa que o outro ofereça.

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