Terra da Gente

Por Giulia Bucheroni, Terra da Gente


A coruja-buraqueira é a coruja mais conhecida e abundante do Brasil — Foto: Vlademir Ferreira/VC no TG

A rica avifauna brasileira conta com 26 espécies de corujas. Dessas, pelo menos seis são frequentemente observadas nos centros urbanos: caburé, suindara, corujinha-do-mato, coruja-buraqueira, coruja-orelhuda e mocho-dos-banhados.

“Todas essas são de ampla distribuição no País, exceto o mocho, que é um pouco mais restrito às regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Por isso, não é raro observar alguma dessas corujas na cidade, principalmente em locais onde há remanescentes florestais e parques”, explica o ornitólogo Willian Menq.

Murucututu é conhecido também como coruja-do-mato — Foto: Silvana Kehrle/VC no TG

De acordo com o especialista, a arborização é característica indispensável quando o assunto é corujas no ambiente urbano e, dependendo da quantidade de espaços florestais, é possível até encontrar espécies raras e ameaçadas. “A oferta de espaços arborizados atrai corujas florestais, como a murucututu-de-barriga-amarela, a coruja-do-mato e até a coruja-preta, cuja subespécie da Mata Atlântica está ameaçada de extinção. No Rio de Janeiro há registros dessa ave em áreas urbanas”, destaca.

Parques arborizados e remanescentes florestais abrigam espécies raras como a coruja-preta — Foto: Hudson Martins/Arquivo Pessoal

Apesar das “corujas da cidade” não estarem na lista de espécies ameaçadas, o risco é iminente. “As cidades possuem vários perigos para as aves de forma geral. É muito comum ver corujas eletrocutadas nos fios, presas nas linhas de pipa e atropeladas em vias movimentadas. Além do acidente com animais domésticos”, pontua Menq, que ressalta a mais antiga das ameaças às corujas.

“O medo e o preconceito das pessoas com essas aves ainda preocupam. Muita gente acredita em lendas sobre as aves serem de mau agouro, o que não faz sentindo nenhum, principalmente hoje, com a quantidade de informações que temos”, diz.

A presença das corujas é um sinal para vários aspectos positivos. É legal tê-las por perto, pois são aves que controlam a população de roedores, insetos, aracnídeos e outros invertebrados. Elas auxiliam no equilíbrio dessas populações que vivem nas cidades
— Willian Menq, ornitólogo

Mocho-dos-banhados é um dos cliques de destaque do acervo de observador — Foto: Jefferson Silva/VC no TG

De olho nas corujas

Para admiradores e observadores de natureza, registrar corujas é motivo de comemoração. Infelizmente, no caso das aves de rapina, é raro atraí-las em comedouros, como se faz com os pássaros. “Nesse caso a dica é manter o quintal bem arborizado, frequentar os parques e ficar atento às copas das árvores”, comenta o biólogo, que alerta: não é preciso ir muito longe para observar algumas espécies.

“As corujas-buraqueiras e as suindaras estão mais adaptadas às estruturas artificiais, então é comum encontrá-las em canteiros de avenidas, campos de futebol e terrenos baldios. As suindaras, por exemplo, vivem muito bem em sótãos, casas abandonadas, torres de igrejas, e galpões. Lá elas dormem, nidificam e caçam insetos e roedores, geralmente encontrados nesses ambientes. Já as buraqueiras podem ser registradas em áreas abertas da cidade, com vegetação rasteira”, completa.

Suindara é conhecida também como coruja-de-igreja — Foto: Victor Basílio/VC no TG

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