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Matérias / Zé Arigó

Predestinado: Conheça Zé Arigó, médium que inspirou o filme

Com sua história transformada em filme disponível na Netflix, Zé Arigó chegou a receber indulto de presidente para continuar atuando

Wallacy Ferrari Publicado em 13/09/2022, às 16h40 - Atualizado em 04/04/2024, às 17h39

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José Arigó em retrato colorizado e no filme 'Predestinado' - Divulgação / YouTube / TV Globo e Divulgação
José Arigó em retrato colorizado e no filme 'Predestinado' - Divulgação / YouTube / TV Globo e Divulgação

A força da mediunidade não apenas chama atenção pelo fator paranormal de visualizações ou ações que outras pessoas não conseguem realizar, mas angaria também a seguidores que veem, em figuras mediúnicas, uma possibilidade de amparo e resolução de problemas.

Dessa forma, José Pedro de Freitas tornou-se Zé Arigó, mobilizando centenas de pessoas, diariamente, ao longo de 21 anos, para propor a cura mediante poderes inexplicáveis. Sua história é retratada no filme 'Predestinado', agora disponível na Netflix.

Natural do município de Congonhas, em Minas Gerais, ele começou a ter sinais de sua mediunidade ainda na infância, pouco antes de completar 9 anos, mas foi alvo de preconceito da própria família, que o levou a um padre católico, sendo posteriormente encaminhado a um psiquiatra.

Na ocasião, relatada por Sidney Wenceslau de Freitas, quarto filho do médium, ao jornal Estado de Minas, a perfeita saúde física e mental do garoto foi constatada, sobrando apenas que o pequeno fosse submetido a um ritual de exorcismo. Seguiu a vida até a idade adulta, quando as manifestações paranormais prosseguiram em sua vida a ponto de não poderem mais ser evitadas.

A história

Já mais velho, iniciou seus populares atendimentos, originalmente itinerantes por diversas regiões do Brasil, mas depois se estabelecendo no município onde nasceu, atraindo multidões — que formavam filas para serem contempladas com seus supostos poderes.

Foi o primeiro brasileiro conhecido a incorporar o médico alemão Adolf Fritz, realizando cirurgias sem nenhum custo naqueles que se aglomeravam em sua porta, chegando a atender 200 pacientes por dia, marca que, ao longo dos anos, o fez alcançar mais de 4 milhões de atendimentos, conforme calcula seus biógrafos.

Contudo, em entrevistas afirmava que seus poderes de cura não partiam de Zé Arigó, mas unicamente do Dr. Fritz, cujo espírito o auxiliava na execução. Obtendo fama nacional, começou a ser alvo de outras religiões e até mesmo associações.

Em duas ocasiões mais famosas, foi alvo de processos; o primeiro, em 1957, partiu de um padre local, o acusando de curandeirismo. Quem o safou foi o então presidente do país, Juscelino Kubitschek, que lhe concedeu um indulto, explica o programa Linha Direta.

Na época, chegou a atuar na cura de enfermidades de políticos, funcionários e parentes de parlamentares, ganhando destaque. Em 1961, no entanto, não conseguiu escapar após processo movido pela Associação Médica de Minas Gerais, e ficou preso durante sete meses por exercício ilegal da profissão.

Ainda assim, Zé Arigó alegava que as cirurgias eram feitas pelo médico alemão.

"Eu não sabia de nada. As operações vinham sendo feitas em transe mediúnico, inteiramente à minha revelia. Depois de algum tempo – um bom tempo –, um jornalista de São Paulo me mostrou um filme feito aqui no centro, me mostrando em ação. Apenas nessas horas, fiquei sabendo, e quase caí de costas", disse ele ao Estado de Minas.

Desafio

Em meio a essas polêmicas, Arigó se colocou à disposição da imprensa para divulgar que suas técnicas estavam longes de serem charlatanismo. O jornalista Jorge Audi foi um dos que toparam o desafio, acompanhando de perto um dia do médium, como relatou ao programa 'Linha Direta'.

Quis fazer uma série de desmistificação de falsos milagreiros, e aí eu fiquei assobrado. Porque, ele fez muita coisa, e o pior, não escondia nada. Eu vi ele operar um cara no chão, com um travesseiro embaixo, metendo aquele raio daquela faca e abrindo o cara na nossa frente, com câmera e tudo, e retirar um cálculo renal. Suturou bonitinho e o cara não deu um pio", disse ele no programa Linha Direta.

Arigó, por sua vez, afirmou ao Estado de Minas que, com tais imagens, que realmente descobriu seus poderes, visto apontar que estava em estado de inconsciência quando era incorporado pelo Dr. Fritz. Contrários negavam a veracidade e relataram apenas uma série de manobras para convencer aqueles que mais necessitavam.

Mesmo assim, ele continuou fazendo as consultas até seus dias finais, falecendo aos 49 anos em 1971, vítima de um acidente automotivo enquanto cruzava a rodovia BR-040, no trecho entre Congonhas e Conselheiro Lafaiete. Sua história foi transformada no filme 'Predestinado', onde ele é interpretado pelo ator Danton Mello.