cabure-acanelado

Caburé-acanelado

O caburé-acanelado é uma ave Strigiforme da família Strigidae. Também conhecido como caburé-canela e corujinha-de-barriga-amarela.

Nome Científico

Seu nome científico significa: do (grego) aigölios = pássaro de mau agouro, coruja; e harrisii = homenagem a Edward Harris - (1799-1863), naturalista e explorador norte-americano. - Ave de mau agouro de Harris.

Primeira descrição como Nyctale harrisii Cassin, 1849 - América do Sul.

Características

Mede cerca de 17 a 22 cm (macho) e 21 a 25 cm (fêmea). Pesa entre 57 e 127 g (macho) e entre 63 e 152 g (fêmea). Tem as partes superiores enegrecidas. Testa, face e lado inferior são amarelos-intenso. Disco facial margeado por linha marrom que se une a uma mancha negra acima dos olhos e continua pelo loro até o mento, formando um “Y” no meio da face destacando a fronte e as bochechas cor de canela. Manchas brancas na asa e cauda. Íris amarela-esverdeada. Tarsos emplumados.

Voz: Sequência de notas agudas formando um trinado, com duração de 4 a 10 segundos. A sequência é mais curta quando em resposta ao playback. Voz suave e aguda “uuêêêhh…” emitida em intervalos curtos após playback e antes de recomeçar o canto típico.

Subespécies

Existem três subespécies válidas, uma delas presente no Brasil:

  • Aegolius harrisii iheringi (Sharpe, 1899): L Bolivia ao Paraguai, L Brasil, Uruguai e NE Argentina.

As outras duas subespécies são:

  • Aegolius harrisii harrisii (Cassin, 1849): Esparsamente distribuída na Colombia, Equador, Peru e Venezuela.
  • Aegolius harrisii dabbenei Olrog, 1979: O Bolivia a NO Argentina.

Alimentação

Alimenta-se de pequenos mamíferos (roedores, marsupiais, morcegos), pequenas aves e grandes insetos.

Reprodução

O período reprodutivo parece variar de acordo com as condições climáticas. Em Salta, Argentina, machos vocalizando foram registrados em novembro em alguns anos e durante os primeiros dias de outubro em outros. Ainda, em final de setembro, na mesma localidade, jovens já emplumados foram vistos mas nenhuma vocalização foi gravada. Em 1995, a postura de ovos foi registrada no começo de novembro. Ninhos são feitos em cavidades, especialmente de pica-paus, em alturas variadas. O fundo do ninho pode conter lascas de madeira, esterco seco fragmentado, penas e restos de presas, como quitina e ossos.

No Brasil, um ninho com 3 ovos foi registrado, no início de Março, no oco de uma palmeira morta (provavelmente um ninho abandonado de Papagaios). A cavidade era profunda (60 centímetros) por 15 de diâmetro, com abertura de 10 centímetros de diâmetro.

Duração da incubação desconhecida.

Hábitos

Ave insociável, quase nada sabe-se sobre seu comportamento. Embora seja considerada estritamente noturna é registrada também ao crepúsculo, período em que sua atividade pode estar relacionada à de algumas espécies de morcegos, que aparentemente fazem parte de sua dieta. Espécie difícil de ser encontrada. Possivelmente é mais discreta que rara devido ao pequeno tamanho, a voz suave e pouco audível à distância e ao curto período de atividade vocal durante o ano. Durante o período de reprodução, ele pode ser estimulado a cantar pela aproximação ou por playback, pois durante a incubação e pós eclosão, machos raramente cantam ou respondem. Aparentemente tem distribuição espacial agrupada, com casais distantes entre si, mas em contato auditivo. Os machos cantam em territórios, normalmente em densas folhagens nas copas das árvores. Os poucos registros de ocorrência podem estar subestimando suas populações. De acordo com Konig (Owls of The World, 2nd edition - 2008), primariamente montanha e floresta úmidas (cloud forests), alternando com áreas abertas e pastos. Vive na mata rala e cerrado. Em Teixera Soares-PR foi registrado com grande ocorrência, em matas de várzeas ou arroios próximo a campos naturais úmidos com lagoas ou banhados. No parque nacional de Iguaçu, ocorre em baixas altitudes, mas é raro. Em Goiás, foi registrado em habitat semelhante. Aparentemente é tolerante a ambientes alterados pela ação humana, podendo ser encontrada em pomares, plantações artificiais de pinheiros e eucaliptos e até em áreas urbanas.

Distribuição Geográfica

Ocorre na Venezuela, Colômbia, Equador, Peru, Bolívia, Argentina, Paraguai e Uruguai. No Brasil ocorre no Ceará, Bahia Pernambuco, Alagoas, Goiás, Distrito Federal e de Minas Gerais ao Rio Grande do Sul. Estado do Tocantins tem o único registro para a região Norte até o momento (SILVA, J., RIBENBOIM, L. C. da C., SANTOS, N., 2017). Do nível do mar até 3800 m de altitude.

Referências

  • Frisch, Johan Dalgas; Frisch, Christian Dalgas. Aves brasileiras e plantas que as atraem - 3ª edição. Dalgas Ecoltec - Ecologia Técnica Ltda., São Paulo, 2005, Pág. 152.
  • Sick, Helmut. Ornitologia brasileira. Editora Nova Fronteira S.A., Rio de Janeiro, 1997, Pág. 404.
  • Konig, Claus & Weick, Friedhelm - “Owls of the World”, 2a edição - 2008 - Christopher Helm - Londres - páginas 447 e 448
  • ITIS - Integrated taxonomic information system –> http://www.itis.gov/servlet/SingleRpt/SingleRpt
  • SILVA, J., RIBENBOIM, L. C. da C., SANTOS, N. Corujas do Brasil. Taubaté, SP: Dica de Turismo Publicações, 2017.

Galeria de Fotos

cabure-acanelado.txt · Última modificação: 2024/03/12 15:48 por Davi Gibson