Os
construtores da antiguidade dispunham de limitados materiais
para fazer suas construções. Entre esses materiais tinham a
madeira e a pedra. A madeira, pela sua pequena resistência e
pouca durabilidade não era dos melhores materiais. As pedras
apesar de difíceis de serem removidas e trabalhadas, apresentavam
grande resistência a compressão e grande durabilidade.
Foram
desenvolvidas então, técnicas para melhor se aproveitar essas
características da pedra. Os etruscos iniciaram e depois os
romanos aperfeiçoaram a construção de arcos. Conseguem-se
vãos muito maiores com arcos do que com vigas retas, por isso
eles são muito usados na construção de pontes e viadutos. Arcos
podem vencer vãos de cerca de 300 m e se forem metálicos podem
chegar a 550 m.
Mas
além da sua função prática de distribuição
da carga o arco possui também uma forte componente decorativa
permitindo uma grande varidedade formal.
IMPÉRIO
ROMANO – arcos/abóbadas.
SÉCULO
IX – estilo românico – arcos plenos
e a cantaria (pedras) – pedra cortada e assentada de forma
refinada.
SÉCULO
XV – renascimento - arcos redondos e coberturas
abobadadas.
SÉCULO
XVI – maneirismo – arcos no interior da
construção.
O
uso do arco surge com as civilizações da Antiguidade
embora o Antigo Egipto, a Babilónia, a Grécia
Antiga e a Assíria o tenham restrito a construções
no sub-solo, nomeadamente em estruturas de drenagem e abóbadas.
Por outro lado a sua arquitectura exterior é sobretudo
caracterizada por uma tipologia onde se conjuga o uso da coluna
com a viga horizontal. Assim, pela necessidade de minorar o
impulso vertical sobre os lintéis de pedra, propaga-se
o uso de colunas sucessivas de colocação próxima
e que têm como função suportar a tal carga.
São
mais tarde os romanos os responsáveis pela utilização
do arco em grande escala, erigindo, pelo alcance de maiores
vãos, edifícios de dimensões monumentais.
É nesta altura que se propaga o arco de volta perfeita,
semi-circular assente em pilares e que será também
uma das características do estilo românico e do
Renascimento.
Por
altura do estilo gótico difunde-se um novo género
de arco que se crê já ter sido anteriormente utilizado
pelos assírios, o arco quebrado. Este arco é composto
por dois segmentos de circunferência com centros distintos
dando lugar a uma forma pontiaguda que faculta ao arco uma maior
força e possibilita vãos mais altos. Este arco
provoca, no entanto, um maior impulso olíquo que será
inicialmente recebido por espessos contrafortes e mais tarde
por arcobotantes.
Também
na arquitectura islâmica é comum o uso do arco
especialmente por motivações decorativas onde
sobressaem o arco de ferradura e diversos arcos decorativos
com a inserção de lóbulos rendilhados.
Mais a Oriente, a China usava já desde dinastias antigas
o arco aplicado à construção de pontes.
Ao longo do tempo vão sendo adaptadas e fundidas diversas
tipologias formais do arco nos diversos movimentos eclécticos
da arquitectura.
1.
CHAVE: Bloco superior ou aduela de topo que “fecha”
ou trava a estrutura e pode ser decorada. Também
designa o ponto de fecho de uma abóbada onde os arcos
que a compoem se cruzam, geralmente em forma estilizada
de flor.
2. ADUELA: Bloco em cunha que compõe
a zona curva do arco e é colocada em sentido radial
com a face côncava para o interior e a convexa para
o exterior.
3. EXTRADORSO: Face exterior e convexa
do arco.
4. IMPOSTA: Bloco superior do pilar que
separa o pé-direito do bloco de onde começa
a curva, a aduela de arranque. É sobre a imposta
que assenta esta primeira aduela que tem pelo menos um dos
lados (junta) horizontal.
5. INTRADORSO: Face interior e côncava
do arco.
6. FLECHA: Dimensão que se prolonga
desde a linha de arranque (delimitada pela imposta e pela
aduela de arranque) até à face interior da
chave. Esta área pode ser tapada dando lugar a um
tímpano.
7. LUZ: Vão, largura do arco, geralmente
maior que a sua profundidade. A relação entre
a flecha e a luz é geralmente traduzida numa fracção
(ex: 1/2, 1/3, etc.)
8. CONTRAFORTE: Muro que suporta a impulsão
do arco. Caso não exista uma parede esta impulsão
pode ser recolhida por outro arco lateral e assim sucessivamente
(arcada).
Ao
contrário de aberturas rematadas a trave, onde a
carga vertical exercida directamente sobre um lintel o pode
eventualmente deformar ou quebrar, o arco funciona em compressão
e transporta o peso da construção para os
pilares de suporte e para os lados (impulso lateral e diagonal)
permitindo a abertura de vãos maiores sem risco de
colapso.
Geralmente
em pedra, tijolo ou outro material de construção
similar, o arco é composto por blocos em cunha que,
colocados adjacentemente, se travam uns aos outros em compressão
e mantêm a forma em curva.
O
bloco situado no vértice do arco, a chave, é
o último elemento a ser colocado e o que permite
que a estrutura se trave e a forma se mantenha. Até
à colocação deste último elemento
é usada uma armação provisória
em madeira ou metal, o cimbre, que serve de molde, apresentando
o que será a curva interior do arco e que permite
que as aduelas tenham apoio até à consolidação
final com a chave. Caso os cálculos tenham sido mal
efectuados pode acontecer que a estrutura colapse após
a remoção do suporte.
ARCOS
- CLASSIFICAÇÃO FUNCIONAL |
1.
ARCO AVIAJADO: também chamado de arco botante, arco
botaréu e arco esconso; é um arco que não tem os seus extremos
ou pontos de nascença sobre a mesma linha horizontal. Encontra-se
no exterior de uma construção e geralmente descarregra
o impulso de uma abóbada situada no interior de uma catedral
para o contraforte no exterior ao qual se encontra conjugado.
2.
ARCO CEGO: não
ladeia uma passagem ou abertura, a sua área é tapada
e geralmente surge como elemento de relevo numa parede.
3.
ARCO DE CRUZEIRO: na igreja separa a nave da capela-mor
ou do coro situando-se no cruzeiro. Pode ter uma trave a unir
as aduelas de arranque.
4.
ARCOS DE DESCARGA: recebe e alivia o peso de uma parede
e situa-se acima de uma platibanda.
5.
DIAFRAGMA: utilizado para separar áreas de uma
igreja de modo a aliviar a carga das paredes laterais.
6.
ARCO DE ESCARNAÇÃO: serve de auxíllio
a outro arco que não tem capacidade para suportar o peso
sobre si exercido.
7.
ARCO DE PENETRAÇÃO: resultado da intersecção
entre duas abóbadas de berço.
ARCOS DE ESTRUTURAÇÃO
DE ABÓBADAS E OGIVAS
8.
ARCO DE OGIVA: estrutura o esqueleto da abóbada
cruzando-se com outro no centro (chave) distribuindo o peso até
aos pilares de apoio.
Igreja
de Fecamp - França
9.
FORMALETE: (formeiro, formalote): situa-se longitudinalmente
em ambas as paredes laterais
10.
ARCO TORAL: situa-se perpendicularmente às paredes
laterais.
ARCOS
- CLASSIFICAÇÃO FORMAL |
Os
arcos gótico e ogival foram muito empregados nas aberturas das
catedrais góticas (portas e janelas). Os arcos tudor, otomano,
mourisco e ferradura foram utilizados nos vãos da arquitetura
mourisca (sarracena). O arco ferradura é característico da
arquitetura árabe na Espanha.
Existem muitos
outros arcos como: arco angular, truncado, poligonal, zig-zag,
redondo, escarzano, elíptico, peraltado, apontado, carpanel, deprimido
côncavo, deprimido convexo, georgiano, ogival quebrado, agudo,
tudor espanhol, tudor inglês, flamígero, multilobado, angelado
e florentino.
1.
ARCO ABATIDO: também chamado de arco asa de cesto, arco
asa de balaio e arco sarapanel.
2.
ARCO GÓTICO: também chamado de Talão, pela semelhança
da moldura deste nome. É um arco ogival constituído pela concordância
de quatro arcos de circunferência, portanto possui quatro centros.
3.
ARCO MOURISCO: também chamado de arco árabe e arco
ferradura; é o arco cuja altura é maior do que a metade do vão
ou abertura.
4.
ARCO PLENO-CINTRO: também
chamado de arco romano; é o arco em que a altura, flecha ou
raio é igual a metade do vão ou diâmetro.
5.
ARCO TUDOR:
também chamado de arco gótico inglês. Originou-se no reinado
de Henrique VII (1485 - 1509), o primeiro rei da dinastia dos
tudor. É um arco ogival constituído pela concordância de quatro
arcos de circunferência: portanto possui quatro centros.
6.
ARCOS GEMINADOS: arcos reunidos dois a dois por um
outro arco maior ou por coluna, tendo um capitel comum.
7.
ARCO TRILOBADO: 3 arcos compostos por circunferências
secantes.
8.
ARCO FERRADURA: Composto por dois arcos de círculo.
Para ver exemplo do arco, clique na figura abaixo.
ARCOS
- CLASSIFICAÇÃO GEOMÉTRICA |
1.
ARCO CAPAZ:
é o lugar geométrico dos pontos do plano do qual um segmento
é visto sob um mesmo ângulo.
2.
ARCO PARABÓLICO: é o arco que se parece com a parábola
ou com a catenária.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS |
BRAGA,
Theodoro. Desenho Linear Geométrico. São Paulo
: Ícone. 13° ed. 230 p.
MELLO E CUNHA, G. N. de. Curso de Desenho Geométrico e
Elementar. São Paulo: Livraria Francisco Alves, 460p,
1951.
RIVERA, Félix ; NEVES, Juarenze; GONÇALVES, Dinei (1986). Traçados
em Desenho Geométrico. Rio Grande: editora da Furg, 389
p.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Arco_(arquitectura)
Página
construída por Maria Bernadete Barison.