O acompanhamento do Fandango é feito por um pequeno conjunto musical, constituído de uma ou duas violas, uma rabeca e um adufo (pandeiro). Os músicos cantam junto com a música, mas os que dançam não cantam. Por vezes o violeiro não se contenta com tocar e cantar, mas ainda bate, braceia, valsa e larga a viola para bater palmas. Na letra, encontram-se décimas tradicionais, conhecidas em outros estados e em Portugal. Uma parte, porém, é improvisação de momento, que vai brotando espontânea da alma dos violeiros.
        A viola tem geralmente seis cordas (às vezes sete), incluindo a meia-corda, chamada turina. É construída pelos próprios pescadores, de uma madeira denominada cacheta, com requintes de acabamento artístico. A cacheta é uma árvore grande e grossa, útil para construção, e que não é afetada pelo cupim. No corpo da viola fazem incrustações de canela ou imbuia, representando pombinhas e desenhos geométricos.

 

 

A rabeca tem três cordas (às vezes quatro) e é também feita de cacheta, tendo o braço e o arco de canela preta ou cedro. O sedenho do arco é feito de crina de rabo de cavalo ou mesmo de fio de linha.
        O adufo é coberto com couro de cutia ou mangueiro (cachorro do mangue), sendo de salientar a superioridade do couro de cutia.
        O fandango começa ao anoitecer, sete ou oito horas, e só termina de manhã, depois do sol nascido. É comum dançarem a noite de sábado para domingo, descansarem durante o dia, e recomeçarem à noite, de domingo para segunda, emendando assim duas noites consecutivas. No carnaval, o Fandango se estende por 3 ou 4 noites seguidas, estabelecendo-se mesmo uma porfia, entre dois ou três conjuntos, para ver qual o que agüenta até o amanhecer. Bebidas, comidas, desafios de cantadores, por eles conhecidos como profias (porfias), enchem os intervalos nas noites de Fandango.
        Errar no Fandango é fazer balaio, e desfeita faz a folgadeira que se recusa a dançar.
O passo característico do Fandango, e que entra em quase todas as marcas, é o oito. O cavalheiro, dançando, descreve um oito, tendo por centro dos dois círculos as duas folgadeiras que se encontram à sua frente e atrás de si, na roda.
        É interessante observar-se, tanto no Fandango como em outras festas populares, a força de absorção da terra, o poder tremendo de assimilação que o meio exerce sobre o homem. No local denominado Balneário, na Praia de Leste, encontramos, como mestre de Fandango, o senhor João Cláudio Gilier, filho de franceses e todo ele de aspecto gaulês. Da mesma forma, em Morro Grande, município de Cerro Azul, encontramos um Schleder comandando a Dança de São Gonçalo.
        Nas diversas marcas do Fandango, sente-se, quer nos batidos, quer nas palmas (sempre batidas nos intervalos do sapateado), a influência viva de Portugal e Espanha.
Imagens retiradas da obra:

BRITO, Maria de Lourdes da Silva; RANDO, José Augusto Gemba. Fandango de Mutirão. Mileart. Curitiba. 2003.

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