grávida em trabalho de parto debruçada na bola de pilates e sendo apoiada por médica obstetra

Necessidade de algaliação em trabalho de parto

As grávidas devem ser incentivadas/relembradas da importância de urinar durante o trabalho de parto e, a não ser que não tenham força nas pernas, devem urinar na sanita. Ir e vir, as vezes que forem necessárias.

Após fazer epidural também não é obrigatório colocar-se uma algália mas, caso tenham feito epidural e não consigam andar, poderão ter de urinar deitadas na cama (ou sentadas) numa arrastadeira.

Se não conseguirem urinar espontaneamente, por a cabeça do bebé já estar bastante descida ou por não conseguirem fazer a força certa por terem epidural, a vossa bexiga pode ser esvaziada com uma sonda. Essa sonda coloca-se nesse momento e retira-se após sair toda a urina, repetindo-se esse procedimento as vezes que forem necessárias.

Algaliar durante o trabalho de parto, ou seja, colocar um tubo na bexiga para a urina ir saindo continuamente para um saco, não tem vantagens para a grávida. Manter a bexiga vazia com uma algália (ou sonda vesical) não faz com que o trabalho de parto seja mais rápido e a algaliação, principalmente se for prolongada, está associada a mais risco de infeção urinária do que retirar-se a urina ocasionalmente com uma sonda.

Atenção: Esta intervenção no parto vai limitar a tua mobilidade pois vais ter que andar com um saco pendurado num tubo que está dentro da tua bexiga.

Existem situações em que é importante controlar minuciosamente a quantidade de urina produzida pela grávida em trabalho de parto, como por exemplo, se estiver a ser medicada com sulfato de magnésio para neuroproteção fetal ou prevenção de convulsões na pré-eclâmpsia. Nesses casos, está mesmo indicada a colocação de algália.

E se for cesariana?

Não existem estudos de qualidade a indicar a necessidade de algaliação na cesariana, no entanto, faz parte do protocolo na maioria das instituições. Todas as cesarianas que fiz foram com algaliação.

Teoricamente, mantendo a bexiga vazia durante a cirurgia, existirá uma melhor exposição do útero e uma menor probabilidade de lesão da bexiga durante a cesariana.

Conheço alguns obstetras, principalmente estrangeiros, que não costumam algaliar para a realização de cesariana, pedindo apenas para as grávidas urinarem antes de seguirem para o bloco operatório.

Mas, optando por algaliar, a colocação da sonda vesical costuma ser feita depois da epidural fazer efeito, para que não seja desconfortável, e deve ser retirada o mais rapidamente possível após a cesariana, para minimizar o risco de infeção urinária.

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Referências:

Kerr-Wilson RH, Parham GP, Orr JW Jr. The effect of a full bladder on labor. Obstet Gynecol. 1983;62(3):319-323. doi:10.1097/00006250-198309000-00011

Read JA, Miller FC, Yeh S, Platt LD. Urinary bladder distention: effect on labor and uterine activity. Obstet Gynecol. 1980;56(5):565-570.

Abdel-Aleem H, Aboelnasr MF, Jayousi TM, Habib FA. Indwelling bladder catheterisation as part of intraoperative and postoperative care for caesarean section. Cochrane Database Syst Rev. 2014;(4):CD010322. Published 2014 Apr 11. doi:10.1002/14651858.CD010322.pub2

Menshawy A, Ghanem E, Menshawy E, et al. Early versus delayed removal of indwelling urinary catheter after elective cesarean delivery: systematic review and meta-analysis of randomized controlled trials. J Matern Fetal Neonatal Med. 2020;33(16):2818-2825. doi:10.1080/14767058.2018.1557142

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